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Benefícios corporativos

Como começar a promover a saúde integral dos colaboradores

O Diretor de Estrutura do Gympass fala sobre a importância da promoção de saúde física e mental aos colaboradores e quais são as os primeiros passos para iniciar esses cuidados

Criado em

Atualizado em

por Eduarda Ferreira

Leia em 12 minutos

Os cuidados com a saúde física e mental dos colaboradores já estão há um bom tempo na lista de prioridades dos RHs. Mas esse está longe de ser um assunto batido e segue chamando a atenção dos próprios trabalhadores — que priorizam cada vez mais o seu bem-estar e qualidade de vida. É o que aponta um estudo da agência de seguros Marsh, que revelou que 61% dos entrevistados afirmaram se preocupar mais com a própria saúde do que com seu crescimento na carreira ou acúmulo de dinheiro. 

Outra pesquisa, divulgada recentemente pela Robert Half, afirma que 51% dos entrevistados levam em consideração os benefícios na hora de aceitar uma nova proposta de trabalho. Para eles, caso os benefícios que julgam mais importantes não sejam ofertados pela empresa, é necessário negociar melhor o salário para uma possível movimentação. 

Além de manter o trabalhador saudável e satisfeito, os benefícios que proporcionam maior cuidado com a saúde e bem-estar podem contribuir diretamente para a produtividade dos colaboradores. 

Na Caju, contamos com uma solução completa para auxiliar as empresas nos cuidados com a saúde física e mental do seu time. O pacote de benefícios do Caju Mais é uma oferta feita em parceria com empresas referência do mercado, como o Gympass, plataforma corporativa de bem-estar que atende as necessidades dos colaboradores no cuidado com corpo e mente. 

Buscando maior entendimento sobre os impactos do cuidado com a saúde física e mental no mercado de trabalho, convidamos o Raphael Gouvea, Diretor de Estrutura do Gympass, para uma entrevista, que você confere a seguir. 

Raphael, para começar, qual a importância do investimento em ações de promoção de saúde no ambiente de trabalho?

Zelar pelo bem-estar dos colaboradores gera inúmeros benefícios para as empresas, como aumento de produtividade, desempenho, inovação, redução de turnover e absenteísmo. 

Muitas empresas reconheceram o alto retorno dos investimentos em saúde mental nos últimos anos. Em novembro de 2022, lançamos o nosso primeiro “Panorama do bem-estar corporativo”, uma pesquisa realizada com 9 mil colaboradores de nove países que demonstrou que a perspectiva de bem-estar no trabalho é um fator determinante nas decisões de carreira dos colaboradores. 

Nesse estudo, 83% dos entrevistados disseram que o bem-estar é um pilar tão importante quanto o salário ao tomar decisões de permanecer em uma empresa ou aceitar uma proposta para se juntar a uma nova organização. Além disso, 85% disseram que tenderiam a permanecer em um cargo se a empresa priorizasse o bem-estar, e 77% que pensariam em deixar uma companhia que não prioriza esse tipo de benefício. 

O conceito de bem-estar corporativo que conhecíamos era pautado em equilíbrio, em achar uma forma de balancear a vida e o trabalho. Hoje, sabemos que esse conceito muitas vezes é inatingível, pois somos seres integrais, logo, não conseguimos fazer essa separação entre nossas vidas pessoais e profissionais. 

Cada vez mais está claro que os empregadores têm a responsabilidade de enfrentar a crise do bem-estar, apoiando seus colaboradores para que eles possam incorporar hábitos saudáveis em suas rotinas — sejam atividades físicas, cuidados com a saúde mental, alimentação saudável, educação financeira, ou centenas de outras atividades. 

Quando os times estão saudáveis, felizes e engajados, há um impacto positivo nos negócios. 

Raphael Gouvea, Diretor de Estrutura do Gympass.

Vocês têm dados sobre os impactos das soluções de promoção de saúde, como as de Caju Mais e do Gympass, no dia a dia das organizações?

Em julho deste ano, divulgamos os resultados de um outro estudo feito por nós, em que buscamos entender a correlação entre a prática de atividades físicas dos colaboradores e o custo de saúde das empresas. 

A análise dos dados foi realizada comparando dois grupos de teste (usuários do Gympass com até 4 check-ins/mês e usuários com mais de 5 check-ins/mês) e um grupo de controle (não usuários). A amostra incluiu um grupo de controle com mais de 17 mil funcionários de clientes corporativos do Gympass que não são assinantes e mais de 2 mil colaboradores que são assinantes ativos. Eles foram agrupados com base em perfis semelhantes de gênero e idade, bem como gastos semelhantes com custos de saúde nos seis meses anteriores ao início do estudo. 

Após a formação dos grupos, foi realizada uma comparação entre o custo médio com saúde nos seis meses anteriores ao primeiro check-in e o custo médio nos seis meses posteriores a um período de 12 meses. Por fim, as informações foram cruzadas com dados de saúde em nível individual no Brasil de 2019 a 2022 para chegar ao resultado final. Os resultados revelaram que os indivíduos que praticam atividades físicas pelo menos cinco vezes por mês tiveram uma redução de 35% nos custos de saúde das empresas. 

Enquanto os custos com saúde não param de aumentar, as empresas estão lutando com o desafio contínuo de gerenciar essas despesas. Os líderes de RH entendem que a saúde e o bem-estar dos funcionários estão diretamente relacionados à saúde do negócio. Por isso, as empresas estão deixando de se concentrar apenas em cuidados reativos e benefícios médicos tradicionais para oferecer benefícios de bem-estar preventivos e holísticos

E os resultados dessa transformação são claros, com o estudo do Gympass mostrando economia de custos de saúde de mais de 35% para colaboradores fisicamente ativos. É uma relação de ganha-ganha para empregadores e empregados, por meio da qual as empresas conseguem criar uma força de trabalho mais feliz e saudável ao mesmo tempo em que reduzem custos

Esse investimento na saúde dos colaboradores pode trazer mais receita para as organizações?

Empresas que oferecem apoio e recursos adequados para priorizar o bem-estar dos colaboradores contam com uma força de trabalho mais feliz, engajada e produtiva. Essas companhias medem um retorno positivo dos investimentos que contribui diretamente para seus resultados, demonstrando como os benefícios abrangentes de bem-estar são vantajosos tanto para os empregadores quanto para os seus funcionários. Isso nós descobrimos através da pesquisa do ROI do Bem-estar.

A pesquisa concluiu que 90% das empresas que mensuram os resultados dos programas de bem-estar veem um retorno positivo dos investimentos, 85% dos líderes de RH observam redução de afastamentos e licenças médicas como resultado de benefícios abrangentes de bem-estar e 78% dos líderes de RH relatam que seus programas de bem-estar reduzem os custos com despesas de saúde. 

Os resultados desse estudo mostraram que há um consenso entre os líderes de RH de que é essencial priorizar o bem-estar dos colaboradores para garantir o desempenho das companhias. 

As empresas precisam entender que os investimentos em saúde, qualidade de vida e bem-estar são investimentos diretos nos negócios. Diante da crise de bem-estar que a força de trabalho enfrenta, as empresas que tiverem essa percepção terão sucesso no longo prazo e as que ignorarem essa realidade inevitavelmente ficarão para trás.

Quais são as consequências financeiras e/ou organizacionais para as empresas que não olham para a saúde física e mental dos seus colaboradores?

As consequências financeiras incluem: altos custos com assistência médica, aumentando os custos do seguro saúde das empresas; aumento de absenteísmo, que pode resultar em interrupções nas operações ou mesmo na necessidade de contratar temporários para cobrir lacunas, gerando mais custos; e o presenteísmo, que é quando o funcionário está presente, mas com a produtividade reduzida. Além disso, também gera um aumento da rotatividade de colaboradores, que resulta em altos custos de contratação e treinamento de novos funcionários. 

Já as consequências organizacionais frequentemente incluem um clima de trabalho negativo, com um ambiente tóxico e desmotivador, que impacta no moral e no bem-estar geral da equipe; baixa criatividade e inovação; má reputação no mercado, entre trabalhadores ou mesmo clientes; risco de ações judiciais; baixo desempenho, em última instância com queda nas receitas e margens.

O investimento em benefícios relacionados à promoção de saúde pode ser um diferencial competitivo para as empresas na atração de talentos? Por quê?

Sem dúvidas! Aqui eu tenho outro dado interessante do ROI do Bem-Estar: dentre as empresas que mensuram o retorno sobre o investimento dos programas de bem-estar, 78% avaliam que eles são muito ou extremamente importantes para a atração de talentos. 

Além disso, 88% dos gestores de pessoas ouvidos no levantamento disseram que esses programas são muito ou extremamente importantes para a satisfação da força de trabalho e 79% para a retenção de talentos. Além disso, 85% dos líderes de RH avaliam que os programas de bem-estar diminuem o custo de atração e retenção de talentos e aumentam o engajamento das equipes. 

O que os RHs tem que estar fazendo agora para promover saúde mental aos seus colaboradores? O que é mais urgente?

Falar sobre saúde mental no ambiente corporativo é urgente e necessário. Sabemos que fatores de risco no ambiente de trabalho, tais como alta demanda, baixo suporte, pressão constante por resultados e a falta de segurança psicológica podem levar a problemas de saúde física e mental e agravar questões já existentes. Garantir que os colaboradores se sintam psicologicamente seguros auxilia a criar diálogos sobre o tema e facilita a assumir um papel responsável e proativo no cuidado da própria saúde mental e bem-estar. 

Queremos cuidar melhor da saúde mental dos colaboradores, então, precisamos começar a investir na segurança psicológica. De acordo com especialistas no tema, o principal elemento que define uma empresa com segurança psicológica é a comunicação transparente. 

Para quem deseja começar a mudança na cultura da empresa, a recomendação dos especialistas é que as companhias elejam uma pessoa responsável para se encarregar dessa transformação. Idealmente alguém da alta liderança que possa influenciar os demais e que assume isso com uma tarefa pela qual será cobrada e acompanhada em busca de resultados. 

Além disso, o RH e a liderança das empresas têm um papel muito importante para diminuir os impactos negativos que o trabalho pode ter em nossa saúde mental, sendo responsáveis (e dando o exemplo) por promover pausas, encontros e conversas abertas sobre saúde mental, além de entenderem sinais de sofrimento e estarem atentos para encaminhar os colaboradores a um especialista quando necessário. 

A saúde mental tem sido tratada com mais importância recentemente, as empresas têm perdido o medo de falar sobre o assunto e de lidar com os colaboradores que têm trazido essas questões para os líderes e gestores. 

Para os times de recursos humanos e líderes, é fundamental desenvolver protocolos, saber identificar situações de risco e crise e criar planos de ação que incluam falar abertamente sobre saúde mental, ou seja, alimentar a segurança psicológica em ambientes de trabalho. 

O fundo fértil para um cuidado de saúde mental bem-sucedido é um ambiente onde as pessoas podem se expressar livremente, opinar, questionar, errar sem medo, inovar e pedir ajuda; onde cada um se sente pertencente, acolhido, cuidado e aceito. Criar um espaço psicologicamente seguro, então, significa cuidar da saúde mental dos colaboradores e é uma peça fundamental nessa construção contínua.

Por fim, quais são as tendências para os próximos anos em relação aos cuidados com a saúde física dos colaboradores?

Cada vez mais vemos como tendência que as empresas trabalhem para desenvolver uma cultura de bem-estar, que valoriza e saúde física, promovendo o exemplo desde a liderança e criando um ambiente onde os funcionários se sintam apoiados e incentivados a cuidar de sua saúde. 

Além disso, o cuidado com o bem-estar integral deve estar cada vez mais presente. As empresas estão reconhecendo a importância de abordar o bem-estar dos colaboradores de forma holística, considerando não apenas a saúde física, mas também a mental, emocional e social. E desenvolvendo programas que visam o equilíbrio geral da vida dos funcionários. 

A saúde mental deve continuar a ganhar destaque nas organizações, com o aumento da conscientização a respeito do tema. As empresas devem incluir programas de apoio psicológico, treinamentos de gerenciamento de estresse e a criação de um ambiente de trabalho mais inclusivo e de apoio. 

Além disso, a tecnologia vai desempenhar um papel crucial na promoção da saúde física dos colaboradores. Dispositivos vestíveis (wearables), aplicativos de saúde e plataformas de bem-estar podem ser usados para monitorar a atividade física, a qualidade do sono e outros indicadores, permitindo que os funcionários acompanhem e melhorem seu bem-estar. 

Também acreditamos que uma demanda dos colaboradores que não pode mais ser ignorada é por flexibilidade no local de trabalho. Com um aumento na adoção do trabalho remoto e flexível, as empresas podem começar a oferecer benefícios que permitem aos funcionários equilibrar melhor suas responsabilidades profissionais com atividades físicas, como horários de trabalho flexíveis para permitir a prática de exercícios. 

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Eduarda Ferreira

Marketing

Jornalista em formação, atua na produção de conteúdo da Caju. Como redatora do blog, tem o propósito de unir seus interesses por comunicação e tecnologia e educar o mercado de gestão de pessoas.

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