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Cultura organizacional

Produtividade sem esgotamento: especialista da Zenklub explica como evitar o Burnout no ambiente de trabalho 

Segundo dados da Anamt, 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com a síndrome; saiba como preveni-la e promover os cuidados com a saúde mental nas empresas a partir da campanha de Janeiro Branco

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Atualizado em

por Eduarda Ferreira

Leia em 9 minutos

A atenção para a preservação da saúde mental está cada vez mais em alta, principalmente quando estamos falando do ambiente de trabalho. E essa tendência não ocorre por acaso: no Brasil, os transtornos mentais e emocionais são a segunda maior causa de afastamento do trabalho, segundo dados da Previdência, vinculada ao Ministério da Economia. Ainda, de acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mais de 209 mil pessoas foram afastadas do trabalho por transtornos mentais em 2022

A Síndrome de Burnout, recentemente classificada como doença ocupacional pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é caracterizada pelo esgotamento físico, emocional e mental causado pelo estresse crônico e, geralmente, vinculado ao ambiente corporativo. De acordo com dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), aproximadamente 30% dos trabalhadores brasileiros sofrem com esta síndrome.

Ou seja, mais do que nunca, esse é um assunto sério e urgente! Por isso, conversamos com a Daniela Nazari, que é psicóloga, especialista em saúde mental do trabalhador e parceira da Zenklub, para tirar as principais dúvidas sobre como agir na prevenção e nos cuidados com a saúde mental no ambiente de trabalho, impulsionado pela campanha do Janeiro Branco. 

“O maior desafio é justamente que as pessoas consigam se dar conta de que elas precisam de ajuda. Por ser, na maior parte, algo vinculado ao trabalho, as pessoas não querem mostrar que estão doentes por terem medo de serem demitidas, o que só causa mais inseguranças e transtornos. Por isso, é muito importante conscientizar o meio corporativo do quão sério é esse tipo de doença, para não alimentar essas percepções de que pedir ajuda é sinônimo de fracasso”, alerta a especialista. 

Para começar, Daniela, do que se trata a campanha do janeiro Branco?

A campanha Janeiro Branco existe para motivar as pessoas a começarem em janeiro e seguir com práticas regulares de saúde mental ao longo do ano todo. E o objetivo dela é justamente chamar atenção para a importância da promoção da saúde frente ao grande número de casos de adoecimento que temos atualmente. 

Hoje, o Brasil é o segundo país mais ansioso do mundo, o quinto mais depressivo, e os dados de esgotamento mental estão cada vez maiores. Isso faz com que a pauta se torne mais relevante, pois quando a gente não está em dia com a saúde mental, não conseguimos executar nossas atividades diárias. 

Daniela Nazari, psicóloga, especialista em saúde mental do trabalhador.

Agora, falando especificamente da síndrome de Burnout, como ela é caracterizada e o que gera a doença?

A Síndrome de Burnout, aqui no Brasil, também é conhecida como esgotamento mental. Essa doença se caracteriza como um cansaço excessivo, ou seja, é um estágio de estresse que deixa de ser um estresse pontual e começa a ser um estresse crônico, em que a pessoa não consegue mais sair daquele estado pela pouca energia que ela tem. Essa exaustão não é vista só no âmbito da saúde mental, ela vai ter sintomas emocionais e até sintomas físicos também. 

Hoje, essa síndrome é caracterizada como uma doença ocupacional, por isso, está geralmente ligada ao ambiente de trabalho, mas ela pode ocorrer em outros casos, em que a pessoa vive intensamente a mesma situação. Por exemplo, quando alguém está cuidando de um familiar doente e a pessoa fica o dia inteiro em função dessa outra pessoa, o que geralmente causa esse desgaste, esse cansaço extremo. É por isso que durante a pandemia vimos os casos de Burnout disparar, porque estava todo mundo vivendo aquela reclusão com muita intensidade. Essas situações acabam acarretando o cansaço porque a pessoa não consegue renovar energia em outras áreas.

E o maior desafio é justamente que as pessoas consigam se dar conta de que elas precisam de ajuda. Por ser, na maior parte, algo vinculado ao trabalho, as pessoas não querem mostrar que estão doentes por terem medo de serem demitidas, o que só causa mais inseguranças e transtornos. Por isso, é muito importante conscientizar o meio corporativo do quão sério é esse tipo de doença, para não alimentar essas percepções de que pedir ajuda é sinônimo de fracasso.

Então, como a gente pode identificar a Síndrome do Burnout, tanto em nós mesmos, quanto nos outros?

Tudo começa em um processo de autoconhecimento, de saber reconhecer o que você gosta de fazer e quando você não está conseguindo fazer as coisas de maneira saudável. 

Então, você começa a procrastinar muitas vezes, tem muita dificuldade de concentração e de memória também. Você não consegue dormir bem, esquece de se alimentar ou então você se alimenta demais, come muito doce, acaba tendo disfunção no peso, tanto para muito baixo quanto um peso elevado, o que começa a gerar uma autocobrança. Você não tem mais vontade de interagir porque sua energia está baixa, aos poucos vai deixando de frequentar lugares externos, almoço em família, interações em que precisa falar sobre si mesmo em algum momento. Pode ser que fique mais agressivo e estressado também. Isso tudo em nível emocional.

Mas quando falamos de sintomas físicos, pode ocorrer quedas de cabelo, alergias na pele, dores musculares, problemas de gastrite no estômago, problemas no intestino, casos de dores na coluna, entre outros. Afinal, você não se permite descansar, fica muito tempo em frente ao computador querendo provar que você consegue fazer algo e isso só desgasta mais.

Na maioria das vezes, a gente só percebe no outro quando começam a aparecer os sintomas físicos. A pessoa começa a precisar frequentar mais o médico, surgem muitos atestados, ausência no trabalho, as entregas já não têm mais qualidade… Também diminui cada vez mais a interação com o próprio time, então, essa falta de comunicação também pode ser um sintoma do Burnout.

Leia também: Burnout digital: conheça as causas e o papel do RH para combatê-lo

Quando a gente está falando de esgotamento, tanto físico quanto mental, precisamos encontrar um equilíbrio entre ser produtivo e continuar sendo saudável para que tudo funcione, certo? Então, como encontrar esse equilíbrio entre produtividade e uma vida saudável?

O erro das pessoas é achar que a produtividade está relacionada somente ao trabalho. Produtividade inteligente é o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Porque, se eu penso que produtividade é só o que eu faço no trabalho, eu vou querer ser produtivo o tempo todo, ou seja, eu vou querer trabalhar 15 horas por dia. Só que o meu corpo não aguenta 15 horas por dia. O meu corpo precisa também dar atenção às outras áreas para conseguir renovar a energia e eu me sentir motivada, concentrada naquilo que eu preciso fazer.

Esse conceito de produtividade inteligente é muito importante e está relacionado ao equilíbrio. Eu conseguir, por exemplo, descarregar a minha energia em atividade física, em conversa, poder pensar sobre outros assuntos, sair um pouco das telas, fazer algo artístico, manual, que mexe com outras áreas cerebrais, é essencial porque eu preciso renovar as minhas energias para voltar a ter a concentração que eu quero. 

Hoje, o equilíbrio de atividade física, alimentação, sono adequado, comunicação, mudam muito a forma como eu vou me ver dentro do meu trabalho e dentro dessa produção que é exigida no mundo corporativo.

Então, a gente cada vez mais está trabalhando esse conceito de produtividade para as pessoas verem que é sobre a vida como um todo, não é só sobre o trabalho. É você se sentir bem com a sua energia e conduzir sua vida de uma forma mais consciente. 

Para as empresas, qual a importância de preservar a saúde mental dos colaboradores e evitar esse adoecimento?

Bom, no nível corporativo, a gente tem percebido que a questão do bem-estar dos colaboradores tem tido um impacto muito relevante até no lucro, no crescimento do negócio. Porque as pessoas estão cada vez mais considerando o quão importante é ter saúde mental e bem-estar. 

Isso quer dizer o quê? As práticas dentro das empresas de promover ações, estimular as pessoas a cuidarem delas mesmas, fazem com que elas também se sintam mais engajadas no trabalho, porque a empresa está olhando para a vida, está olhando para o indivíduo com o seu ecossistema, considerando a sua história, sua família e com a sua energia ali dentro. Então, quando isso está mais integrado e as pessoas sentem que faz parte do meio corporativo, faz com que os resultados da empresa também melhorem.

Podemos dizer, então, que as empresas lucram mais quando passam a olhar para a saúde do colaborador?

Sem dúvidas! Um ambiente em que o colaborador seja valorizado e acolhido, faz com que queira permanecer ali. Então, isso faz com que o colaborador trabalhe feliz, produza como deve, o que certamente impacta na lucratividade. Além disso, gera resultado na retenção de talentos, o que faz com que a empresa não desperdice dinheiro em novos processos seletivos sem necessidade. 

Hoje, muitos estudos apontam que a saúde mental é uma preocupação para os profissionais, para quem está no mercado de trabalho procurando por novas oportunidades. Então, se o candidato sabe que a empresa tem essa preocupação, que oferece benefícios relacionados à saúde, por exemplo, ele vai se sentir muito mais atraído para a vaga. 

E, para finalizar, o que é mais urgente para as empresas fazerem nessa estratégia de promover a saúde mental dos colaboradores?

As empresas podem ser uma porta de entrada para a promoção de conteúdo de saúde. Então, estimular a atividade física dentro do local, falar sobre ansiedade, sobre esgotamento mental, sobre alternativas que possam ajudar os colaboradores a se sentirem bem, trazer o conhecimento para eles e fazer com que sintam que a empresa também está se preocupando com o bem-estar deles.

Para isso, eu diria que o primeiro passo seria treinamento para as lideranças. Para estimular que, como líderes, essas pessoas saibam que têm que estar preparadas para entender as questões emocionais e conversar com as pessoas no time de uma forma mais integrada. Então, poder falar sobre vida, poder falar sobre família, perguntar como foi o final de semana… Acolher as dores e o colaborador de forma integral. E, mais do que isso, ser um exemplo nesse cuidado com a saúde e bem-estar. 

Depois, proporcionar mais comunicações, palestras, dicas de saúde como um todo. Incentivar a prática de atividade física, alimentação saudável, coisas que o pessoal pode fazer de uma forma leve e prática, que vai trazer benefícios para todas as áreas da vida.

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Eduarda Ferreira

Marketing

Jornalista em formação, atua na produção de conteúdo da Caju. Como redatora do blog, tem o propósito de unir seus interesses por comunicação e tecnologia e educar o mercado de gestão de pessoas.

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