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Despesas corporativas

Quebra de caixa: o que é e como funciona?

Saiba o que é quebra de caixa, por que acontece e como lidar com ela para manter a saúde financeira da sua empresa.

Criado em

Atualizado em

por Cecilia Alberigi

Leia em 14 minutos

Imagine que você está no final de um expediente movimentado, pronto para fechar o caixa da empresa. Ao conferir os valores, percebe que há uma diferença entre o montante registrado e o dinheiro físico disponível.

Essa discrepância é conhecida como “quebra de caixa” e pode ocorrer por diversos motivos, desde erros de cálculo até falhas no registro de transações. 

Compreender o funcionamento da quebra de caixa é importante para uma gestão eficaz e o controle das finanças da empresa. Ao aprofundarmos neste tema, exploraremos as melhores práticas para implementar e gerenciar situações de quebra de caixa em sua organização.

O que é quebra de caixa?

A quebra de caixa ocorre quando há uma diferença entre o valor que deveria estar no caixa e o montante real disponível ao final do expediente.

Essa discrepância pode ser positiva, quando há dinheiro a mais, ou negativa, quando há um valor a menos — e é justamente essa última situação que preocupa mais as empresas e os profissionais da área. 

Para os profissionais que lidam diretamente com valores em dinheiro, como operadores de caixa e tesoureiros, essa responsabilidade pode ser uma fonte de pressão no dia a dia.

Para os profissionais de Recursos Humanos, entender como funciona a quebra de caixa é essencial, pois essa prática pode impactar diretamente a relação entre empregador e empregado.

Como funciona a quebra de caixa na prática?

Na prática, a quebra de caixa acontece quando o valor do dinheiro disponível no caixa de um colaborador não bate com o montante registrado no sistema da empresa.

Se ao final do expediente houver uma diferença, isso pode indicar um erro no troco, no lançamento de valores ou até uma falha operacional. Essas situações são comuns em estabelecimentos que trabalham com dinheiro em espécie, como lojas de varejo e bancos.

Para minimizar problemas e reconhecer a responsabilidade dos profissionais que lidam diretamente com o caixa, muitas empresas oferecem a gratificação de quebra de caixa.

Esse valor extra, que pode ser acordado individualmente ou previsto em convenções coletivas, funciona como uma forma de compensação pelas possíveis diferenças que podem surgir no dia a dia.

No entanto, é importante lembrar que essa gratificação não significa que o colaborador pode cometer erros de forma recorrente — a ideia é equilibrar a relação entre responsabilidade e riscos inerentes à função.

Além disso, há regras sobre como lidar com a quebra de caixa dentro da legislação trabalhista. A empresa não pode descontar automaticamente do salário do funcionário qualquer valor que faltar no caixa, a menos que tenha provas de que houve intenção de prejudicar a empresa.

O que a CLT diz sobre quebra de caixa?

A legislação trabalhista brasileira não trata diretamente da quebra de caixa como uma obrigação legal.

Ou seja, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não prevê uma regra específica sobre a gratificação de quebra de caixa ou sobre descontos automáticos quando há diferença nos valores.

No entanto, isso não significa que o tema fique sem regulamentação. As normas sobre essa questão costumam ser definidas por meio de acordos individuais, convenções coletivas e decisões da Justiça do Trabalho.

De forma geral, a legislação protege o trabalhador contra descontos abusivos. Segundo o artigo 462 da CLT, um empregador não pode descontar valores diretamente do salário do funcionário

A única exceção é se for comprovado que houve dolo — ou seja, que o colaborador agiu intencionalmente para causar prejuízo à empresa.

Se a diferença no caixa foi um erro involuntário, o desconto só pode ser feito se houver um acordo formal entre as partes, como um contrato de trabalho prevendo essa possibilidade.

Há um valor para a quebra de caixa?

Não há um valor fixo determinado para esse adicional. Normalmente, o montante é definido em convenções coletivas ou acordos individuais entre a empresa e o colaborador.

Em alguns setores, o valor costuma ser um percentual sobre o salário ou uma quantia fixa determinada pela empresa, levando em conta o nível de responsabilidade do funcionário.

É importante destacar que, quando a empresa paga essa gratificação regularmente, ela passa a ser considerada parte do salário. Isso significa que deve ser incluída no cálculo de benefícios como férias, 13º salário e até mesmo na aposentadoria.

Por isso, tanto os profissionais de RH quanto os colaboradores que lidam com dinheiro precisam entender bem como funciona essa prática para evitar problemas futuros.

Com esse conhecimento, empresas podem criar políticas claras e alinhadas à legislação, garantindo mais segurança tanto para o empregador quanto para o funcionário. 

Como é feito o cálculo?

O cálculo da quebra de caixa acontece ao comparar o valor total registrado no sistema da empresa com o montante real disponível ao final do expediente.

Para identificar a origem do problema, é comum que empresas façam verificações detalhadas, analisando registros de vendas, trocos concedidos, cancelamentos de transações e possíveis erros de lançamento. Algumas adotam um sistema de conferência periódica ao longo do dia para evitar surpresas no fechamento do caixa.

Além disso, dependendo do modelo de gestão financeira, a empresa pode definir um limite de tolerância para pequenas diferenças, evitando penalizações indevidas aos funcionários.

Ter processos bem estruturados para monitoramento e auditoria ajuda a reduzir erros e prevenir perdas financeiras.

O uso de tecnologias, como sistemas de ponto de venda (PDV) e softwares de gestão integrada, também facilita o rastreamento das transações e torna a identificação da quebra de caixa mais ágil e precisa.

Como o adicional da quebra de caixa pode ajudar a valorizar os funcionários?

A rotina de quem lida diretamente com dinheiro exige atenção, agilidade e um alto nível de responsabilidade. Pequenos erros podem gerar impactos financeiros, e essa pressão constante pode afetar a motivação dos colaboradores.

É aí que entra a gratificação de quebra de caixa: além de ser uma compensação justa, esse adicional também funciona como um reconhecimento pelo trabalho desses profissionais.

Ao oferecer a gratificação, a empresa demonstra que compreende os desafios enfrentados por seus funcionários e valoriza o esforço envolvido na função. Esse reconhecimento vai além da questão financeira — ele fortalece o engajamento e a satisfação no trabalho.

Quando o colaborador percebe que sua dedicação é reconhecida e recompensada, há uma tendência maior de comprometimento, o que também reduz o índice de erros e melhora o atendimento ao cliente.

Para os profissionais de Recursos Humanos, implementar essa gratificação de forma estratégica pode ser um diferencial na retenção de talentos.

Oferecer benefícios que vão além do básico mostra que a empresa se preocupa com o bem-estar de seus funcionários. Além disso, uma política bem estruturada de quebra de caixa pode evitar conflitos e tornar a gestão financeira mais eficiente.

Como amenizar e até evitar a quebra de caixa?

A quebra de caixa pode ser um desafio para empresas e colaboradores, mas com boas práticas e processos bem definidos, é possível reduzir esse problema — e até evitá-lo. Pequenos ajustes no dia a dia podem fazer uma grande diferença, trazendo mais segurança para quem opera o caixa e mais tranquilidade para a gestão do negócio.

Invista em treinamento

Um dos primeiros passos é investir em treinamento. Funcionários bem preparados sabem exatamente como registrar vendas corretamente, conferir trocos e lidar com diferentes formas de pagamento. Além disso, a padronização dos procedimentos evita erros comuns e torna a rotina mais eficiente.

Faça conferências constantes

Outra medida importante é incentivar a conferência constante dos valores ao longo do expediente. Pequenos ajustes durante o dia ajudam a identificar possíveis falhas antes que se tornem um grande problema no fechamento do caixa.

Utilize tecnologias e automação

A implementação de tecnologias e sistemas de automação também é essencial. Softwares de gestão financeira e sistemas integrados de pagamento reduzem a necessidade de conferências manuais e minimizam a chance de erros humanos. Além disso, um ambiente organizado, com um fluxo de atendimento bem planejado, reduz a pressa e a chance de descuidos.

Estimule a transparência e o diálogo

Por fim, uma cultura organizacional que valoriza o diálogo e a transparência faz toda a diferença. Quando a equipe se sente segura para reportar problemas e recebe suporte da empresa, os erros podem ser corrigidos rapidamente, sem punições desnecessárias.

Assim, a quebra de caixa deixa de ser um problema recorrente e passa a ser um desafio bem gerenciado, garantindo mais eficiência para a empresa e mais segurança para os funcionários

Perguntas frequentes sobre quebra de caixa

A quebra de caixa é um tema que gera muitas dúvidas, especialmente quando se trata dos direitos e deveres dos funcionários que lidam com dinheiro. Afinal, a gratificação de quebra de caixa pode ser descontada? Ela entra no cálculo das férias e do 13º salário? E na rescisão?

 Para esclarecer essas questões, reunimos as respostas para as perguntas mais comuns sobre o assunto.

A quebra de caixa pode ser descontada do funcionário?

Depende. A empresa não pode simplesmente descontar do salário do funcionário os valores faltantes no caixa, a menos que fique comprovado que houve dolo, ou seja, intenção de prejudicar a empresa.

Além disso, para que os descontos sejam aplicados, é necessário que exista um contrato ou acordo coletivo prevendo essa possibilidade.

A quebra de caixa entra nas férias?

Não. A quebra de caixa não interfere diretamente no cálculo das férias do funcionário. No entanto, caso a empresa tenha uma política de descontos por quebras frequentes, o impacto pode ser sentido indiretamente no rendimento mensal do colaborador.

É importante que as regras sobre esse tema sejam claras e estejam formalmente documentadas, para evitar problemas trabalhistas no futuro.

A quebra de caixa incide sobre o 13º salário?

Não. A quebra de caixa, por si só, não faz parte do cálculo do 13º salário. No entanto, se a empresa realizar descontos recorrentes por quebras frequentes, o funcionário pode receber um valor menor ao longo do ano, o que reflete no cálculo final do benefício.

A empresa deve garantir que qualquer desconto seja feito dentro dos limites legais e mediante acordo prévio com o colaborador.

A quebra de caixa entra no cálculo da rescisão?

Não. A quebra de caixa não é um valor que compõe a remuneração do funcionário e, portanto, não impacta diretamente a rescisão.

No entanto, se houver descontos aplicados regularmente por falta de valores no caixa, isso pode afetar o saldo final de pagamentos no momento do desligamento.

Além disso, qualquer tentativa de descontar valores na rescisão deve ser feita com base em acordos prévios e respeitando os direitos do trabalhador.

Com essas respostas, fica mais fácil entender os impactos da quebra de caixa na relação entre empresas e funcionários. Para garantir uma gestão eficiente e alinhada às normas trabalhistas, é fundamental que RH e gestores tenham políticas bem estruturadas sobre o tema.

Quebra de caixa em ações judiciais: o que você precisa saber?

A quebra de caixa é um tema recorrente em ações judiciais trabalhistas, especialmente quando envolve descontos no salário do funcionário ou o não pagamento da gratificação de forma correta. Muitas empresas acabam enfrentando processos justamente por não compreenderem os limites legais dessa prática. Entender como a Justiça do Trabalho lida com essa questão é uma oportunidade de se destacar e garantir uma gestão mais segura e eficiente.

Descontos no salário e a legislação trabalhista

Um dos principais pontos que geram conflitos é a tentativa de descontar valores do colaborador sem que haja um contrato ou acordo coletivo prevendo essa prática. Como a CLT protege o trabalhador contra descontos indevidos, a empresa precisa ter muita cautela. Se o desconto for feito sem base legal, há grandes chances de o funcionário conseguir reverter a situação judicialmente e até mesmo solicitar indenizações por danos morais.

Gratificação de quebra de caixa e seus impactos

Outro ponto de atenção é a gratificação de quebra de caixa. Quando paga regularmente, ela passa a ser considerada parte do salário, o que significa que deve ser incluída em cálculos de férias, 13º salário, FGTS e rescisão.

Muitos processos trabalhistas surgem exatamente porque as empresas não incluem esses valores corretamente, gerando passivos financeiros desnecessários.

Para evitar problemas, a melhor estratégia é agir com transparência e manter registros sobre as políticas da empresa.

Documentar os acordos, treinar os colaboradores e garantir que todas as práticas estejam alinhadas à legislação são diferenciais que podem proteger a empresa de ações judiciais e ainda fortalecer a confiança dos funcionários.

Dicas de ferramentas para monitoramento financeiro 

Garantir um controle eficiente do caixa é essencial para evitar problemas como a quebra de caixa e reduzir riscos para a empresa e para os colaboradores.

Felizmente, hoje existem diversas ferramentas que ajudam a tornar esse processo mais seguro e preciso, automatizando cálculos, monitorando transações em tempo real e facilitando auditorias.

Para os profissionais de RH e gestores financeiros, essas soluções não só melhoram a organização interna, mas também representam um diferencial competitivo para a empresa.

Sistemas de gestão financeira integrados

Uma das opções mais utilizadas são os sistemas de gestão financeira integrados, que registram todas as entradas e saídas do caixa de forma automatizada.

Esses softwares permitem o acompanhamento detalhado das movimentações e identificam inconsistências, tornando a gestão mais eficiente.

Ferramentas para controle de ponto de venda (PDV)

Além disso, há ferramentas mais focadas no controle de ponto de venda (PDV), que garantem uma gestão mais eficiente dos pagamentos e auxiliam no fechamento de caixa.

Esses sistemas evitam erros humanos ao calcular trocos automaticamente, registrar diferentes formas de pagamento e gerar relatórios detalhados sobre as movimentações.

Plataformas de conciliação bancária

Outra tecnologia que pode fazer a diferença são as plataformas de conciliação bancária, que permitem cruzar os dados financeiros da empresa com os extratos bancários, ajudando a identificar divergências rapidamente.

Essas soluções são especialmente úteis para empresas que lidam com um grande volume de transações diárias.

Ao adotar essas ferramentas, a empresa não apenas minimiza os riscos da quebra de caixa, mas também melhora a transparência financeira e a confiança dos funcionários. Investir em tecnologia é um passo essencial para garantir uma gestão mais segura e eficiente.

Conclusão

A quebra de caixa vai muito além de simples diferenças no fechamento do caixa. Ela envolve direitos trabalhistas, políticas internas, responsabilidades dos colaboradores e, principalmente, a necessidade de uma gestão financeira eficiente.

Ao longo deste conteúdo, exploramos desde o conceito da quebra de caixa até suas implicações legais, as possibilidades de gratificação, estratégias para evitar problemas e a importância do uso de ferramentas tecnológicas para monitoramento financeiro.

Como vimos, a chave para uma boa gestão está na transparência, no alinhamento com as normas trabalhistas e na adoção de práticas que beneficiem tanto a empresa quanto os colaboradores.

Com uma abordagem bem estruturada, a quebra de caixa deixa de ser um problema recorrente e se torna uma questão bem administrada, reduzindo riscos e fortalecendo a relação entre empregador e funcionário.

Além disso, empresas que investem em processos claros e na valorização de seus profissionais se destacam no mercado, criando um ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e com menos frustrações.

Quer garantir um controle ainda mais eficiente das despesas da sua empresa? Confira nosso guia “Como conduzir uma auditoria de despesas de forma mais eficiente?” e descubra estratégias para otimizar a gestão financeira e evitar riscos desnecessários!

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Cecilia Alberigi

Sou jornalista, publicitária e viajante nas horas vagas. Na Caju, minha missão é transformar textos complexos em conteúdos claros, acessíveis e que façam sentido para quem me lê. Acredito que a flexibilidade é fundamental em todos os aspectos da vida, por isso valorizo a liberdade de adaptação, tanto no trabalho quanto no cotidiano.

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