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Por Cecilia Alberigi em
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Descubra como a rápida mudança nas habilidades exigidas pelo mercado está desafiando empresas e profissionais.
Imagine uma empresa que contrata um desenvolvedor pleno com foco em back-end. Em poucos meses, o time migra parte das aplicações para a nuvem, começa a explorar IA e passa a usar novas ferramentas de automação. Esse cenário ilustra bem o conceito de skill flux ou fluxo de habilidades, a principal tendência relacionada ao futuro do trabalho.
As competências exigidas para a função, que já estavam em constante evolução, agora se transformam em ritmo acelerado. O que esse profissional precisa saber para continuar relevante já não é mais o mesmo do momento da contratação.
Em um mercado cada vez mais dinâmico, as habilidades técnicas e comportamentais exigidas mudam rapidamente, e o que antes era considerado “atualizado” pode se tornar obsoleto em questão de meses.
Confira agora este guia onde vamos explicar em detalhes o que é skill flux, por que esse conceito ganhou força no debate sobre o futuro do trabalho, quais os impactos práticos para o RH e os negócios, e como as empresas brasileiras podem se adaptar a esse novo cenário.
Skill flux é um termo em inglês que pode ser traduzido como “fluxo de habilidades”. Ele descreve a constante e acelerada mudança nas competências exigidas no mercado de trabalho.
Ao contrário do que acontecia há algumas décadas, quando as carreiras eram mais lineares e as habilidades exigidas mudavam lentamente, hoje a velocidade das transformações é exponencial. A capacidade de adquirir e atualizar competências com agilidade se tornou um diferencial competitivo, tanto para indivíduos quanto para organizações.
O conceito de skill flux ganhou destaque nos últimos anos por causa de três fatores principais:
O fenômeno também ganhou destaque porque afeta todos os setores da economia e exige que tanto profissionais quanto empresas estejam preparados para aprender, desaprender e reaprender continuamente.
Com isso, falar sobre skill flux é, na prática, discutir como preparar pessoas e organizações para o futuro do trabalho.
Nos últimos anos, a transformação digital deixou de ser uma estratégia restrita ao departamento de TI e passou a ser prioridade estratégica para toda a organização. No Brasil, vimos esse movimento se intensificar principalmente após a pandemia, que forçou empresas a adotarem rapidamente ferramentas digitais para manter as operações.
Essa digitalização acelerada gerou uma demanda massiva por novas habilidades, desde o uso de plataformas colaborativas até conhecimentos em:
Ao mesmo tempo, isso reduziu a necessidade de outras competências antes consideradas essenciais. Como resultado, temos um cenário em que as habilidades exigidas para um mesmo cargo podem mudar de um ano para o outro, criando um ciclo de constante atualização.
A popularização de ferramentas de IA, como o ChatGPT e outras soluções generativas, representa um divisor de águas no debate sobre o futuro do trabalho. Segundo estudo da Goldman Sachs, cerca de 300 milhões de empregos em todo o mundo poderão ser impactados por automação nos próximos anos.
Mas não se trata apenas de substituição de tarefas: a IA está transformando profundamente a forma como as pessoas trabalham. Ela exige que os profissionais aprendam a atuar de forma complementar às máquinas, desenvolvendo habilidades como pensamento crítico, criatividade, capacidade de interpretar dados e tomada de decisão em cenários complexos.
Esse processo também amplia a demanda por requalificação (reskilling) e atualização constante (upskilling), reforçando a ideia de skill flux como uma dinâmica permanente.
Outro fator que alimenta o skill flux é a mudança na própria estrutura das carreiras. Hoje, a trajetória profissional deixou de ser linear e previsível. Em vez de seguir uma série de degraus bem definidos, muitas pessoas constroem sua carreira em formato de “portfólio”, explorando diferentes áreas, funções e modelos de trabalho.
Além disso, estamos assistindo ao surgimento de profissões híbridas, que exigem uma combinação de competências de diferentes domínios. Um bom exemplo é o papel de um cientista de dados com forte compreensão de negócios, ou de um profissional de marketing que domina ferramentas de automação e análise preditiva.
Esses perfis híbridos, que antes eram exceção, hoje se tornam a norma e demandam que as pessoas cultivem habilidades em constante transformação.
Há uma série de impactos que podemos notar no mercado que são gerados por essa tendência. Confira os principais:
Com a intensificação do skill flux, os departamentos de Recursos Humanos enfrentam desafios inéditos. Um deles é a dificuldade de mapear e prever quais habilidades serão necessárias nos próximos anos. Isso afeta diretamente a forma como as empresas contratam, treinam, promovem e retêm talentos.
Além disso, as lideranças precisam lidar com equipes mais diversas em termos de competências e ritmos de aprendizagem. Isso exige uma abordagem mais personalizada para o desenvolvimento profissional, além de uma gestão mais flexível e orientada a resultados.
RHs que antes operavam com base em cargos fixos e descrições estáticas agora precisam trabalhar com modelos mais dinâmicos, que considerem a fluidez das funções e a transversalidade de competências.
Em um ambiente de skill flux, a aprendizagem se torna uma prática permanente — não mais algo restrito ao onboarding ou a momentos pontuais de capacitação. Isso significa que as empresas precisam investir continuamente em programas de requalificação para novas funções e aperfeiçoamento nas funções atuais.
Essa pressão também recai sobre os próprios profissionais, que são chamados a assumir mais responsabilidade por sua evolução. É um cenário que exige autonomia, curiosidade e disciplina para aprender de forma constante.
Entretanto, nem todos os profissionais partem do mesmo ponto. O acesso a oportunidades de desenvolvimento ainda é desigual, especialmente no Brasil, o que reforça a importância de políticas corporativas inclusivas e programas de educação continuada acessíveis.
Talvez o impacto mais preocupante do skill flux seja o aumento do risco de obsolescência profissional. Profissionais que não conseguem acompanhar o ritmo das mudanças podem ver suas habilidades se tornarem irrelevantes, comprometendo sua empregabilidade.
Cerca de 44% das habilidades de um trabalhador médio precisarão ser atualizadas nos próximos cinco anos. Em segmentos mais afetados pela automação, esse número pode ser ainda maior.
Esse dado reforça a urgência de se adotar estratégias de cultura de aprendizado, tanto por parte das empresas quanto dos profissionais.
Confira agora as 4 ações práticas que todas as organizações podem aplicar para conseguir se adaptar ao skill flux presente no mercado.
Para lidar com o skill flux, o primeiro passo é construir uma cultura organizacional que valorize o aprendizado contínuo. Isso significa ir além dos treinamentos formais e criar um ambiente onde aprender é parte do dia a dia.
Essa cultura pode ser incentivada por meio de práticas como:
O papel da liderança transformacional é fundamental nesse processo. Líderes que aprendem e compartilham conhecimento servem como exemplo e contribuem para fortalecer essa mentalidade na equipe.
Outra estratégia essencial é o mapeamento constante das habilidades críticas para o negócio. Isso envolve tanto identificar as competências atuais quanto prever aquelas que serão necessárias no futuro.
Algumas empresas já adotam ferramentas de skills intelligence, que cruzam dados internos (como avaliações de desempenho e trilhas de aprendizagem) com informações do mercado (tendências, novas tecnologias, benchmarks) para identificar lacunas e antecipar movimentos.
Esse mapeamento orienta decisões mais assertivas sobre contratações, promoções, realocação de talentos e investimentos em capacitação.
Em vez de oferecer treinamentos corporativos genéricos, empresas mais preparadas para o skill flux estão construindo trilhas de desenvolvimento personalizadas. Elas passam a ser adaptadas ao momento e aos objetivos de cada colaborador.
Isso pode incluir:
A personalização não significa ausência de estratégia. Pelo contrário: ela parte de uma visão clara sobre as necessidades do negócio e das pessoas, unindo os dois lados para gerar valor mútuo.
A tecnologia também pode ser aliada na construção de uma estratégia de desenvolvimento mais eficaz. Plataformas de Learning Experience (LXP), ferramentas de curadoria automatizada e sistemas de análise de dados permitem acompanhar a evolução das competências e medir o impacto das ações de capacitação.
Além disso, a integração de IA nos processos de aprendizagem pode facilitar o acesso a conteúdos personalizados, recomendações automatizadas e experiências interativas que reforçam a cultura de engajamento.
Para o RH, isso representa a oportunidade de atuar de forma mais estratégica, com base em evidências e indicadores de sucesso.
Em um mundo de skill flux, esperar o futuro chegar para se adaptar pode sair caro. O RH precisa desenvolver a capacidade de antecipar tendências, monitorar movimentos do mercado e preparar a organização com antecedência.
Isso pode ser feito por meio de:
Antecipar não significa prever com exatidão, mas sim manter uma postura de escuta ativa, curiosidade e abertura para experimentar.
O skill flux nos ensina que as habilidades são entidades vivas, em constante evolução. Portanto, a gestão de pessoas precisa ser igualmente dinâmica. Modelos rígidos e burocráticos tendem a falhar em um cenário que exige agilidade, flexibilidade e adaptabilidade.
O RH deve buscar formas mais fluidas de estruturar planos de carreira, definir cargos e gerenciar competências. Isso pode incluir:
Ao adotar uma abordagem mais flexível, o RH contribui para que a organização esteja preparada para crescer e inovar, mesmo em tempos de incerteza.
Percebeu que estamos vivendo uma era de mudanças profundas no mundo do trabalho? É por isso que o conceito de skill flux é uma das lentes mais importantes para entender essa transformação. Já que as habilidades exigidas mudam o tempo todo, empresas e profissionais precisam se reinventar continuamente para continuar relevantes.
Para o RH brasileiro, o desafio está em liderar essa transição de forma estratégica, criando ambientes de aprendizado contínuo, mapeando competências com inteligência e atuando de forma proativa diante das mudanças.Skill flux não é apenas uma tendência passageira. Ela redefine como aprendemos, trabalhamos e crescemos. Preparar-se para ele é uma questão de sobrevivência, mas também de oportunidade. Afinal, quem domina o fluxo das habilidades, domina o futuro. Então leia também sobre o “Conceito CHA: pilar do desenvolvimento de competências”!
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Sou jornalista, publicitária e viajante nas horas vagas. Na Caju, minha missão é transformar textos complexos em conteúdos claros, acessíveis e que façam sentido para quem me lê. Acredito que a flexibilidade é fundamental em todos os aspectos da vida, por isso valorizo a liberdade de adaptação, tanto no trabalho quanto no cotidiano.
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