Receba um pedaço da Caju toda semana.

Inscreva-se na nossa newsletter e receba as principais novidades que o profissional de RH precisa saber para se destacar no mercado.

Leis trabalhistas

NR-1 e o gerenciamento de riscos ocupacionais

Gerenciamento de riscos ocupacionais é uma das diretrizes da NR-1 que visa identificar, controlar e reduzir riscos no trabalho, que possam afetar a segurança e a saúde dos trabalhadores. É uma questão legal e que precisa ser levada a sério.

Criado em

Atualizado em

por Cecilia Alberigi

Leia em 12 minutos

Não importa se estamos falando de construção civil, marketing digital com trabalho remoto ou empresas de transporte ou qualquer outro segmento. Todo negócio tem em comum o fato de que a execução do trabalho envolve riscos que podem comprometer a saúde e segurança dos funcionários.

É por isso que existe a NR-1, nossa norma regulamentadora-base para garantir que haja gerenciamento de riscos e minimização de possíveis questões. É uma questão de lei e também de fortalecimento da marca empregadora, por isso deve ser levada à risca.

Neste artigo, detalhamos mais pontos!

O que é a NR-1?

A NR-1, ou Norma Regulamentadora nº 1, trata das disposições gerais sobre segurança e saúde no trabalho, também serve como a base para as demais 37 NRs, que tratam de aspectos mais específicos relacionados à segurança e saúde no trabalho. 

Ela estabelece os requisitos e as orientações que as empresas devem seguir para garantir a proteção dos trabalhadores, definindo responsabilidades, deveres e as medidas de segurança e saúde no ambiente de trabalho. Vale salientar que a NR-1 é uma norma de caráter geral, ou seja, se aplica a todas as empresas, independentemente do ramo de atividade.

Alguns pontos-chave da NR-1 incluem:

  • As responsabilidades do empregador em garantir que os trabalhadores estejam em um ambiente seguro, com condições de trabalho adequadas.
  • As responsabilidades do trabalhador, que deve seguir as normas de segurança e saúde no trabalho.
  • A criação de comissões de segurança, as comissões internas de prevenção de acidentes (CIPA) para promover a segurança no ambiente de trabalho.
  • Treinamentos, já que a norma exige que os trabalhadores sejam treinados sobre as medidas de segurança e os riscos aos quais estão expostos.

Leia também: Conheça as atualizações da NR-1

Principais objetivos da NR-1

O propósito da NR-1 é definir as diretrizes gerais, o alcance de sua aplicação, os termos e as definições comuns às Normas Regulamentadoras (NR) relacionadas à segurança e saúde no ambiente de trabalho, além de estabelecer as orientações e exigências para a gestão dos riscos ocupacionais e as medidas preventivas em Segurança e Saúde no Trabalho (SST).

No caso, podemos dizer que

  • Estabelecer disposições gerais tem a ver com definir as normas e regras básicas relacionadas à segurança e saúde no trabalho, aplicáveis a todas as empresas, não importa o campo de atuação.
  • Definir o campo de aplicação, no caso, determinar as condições em que a norma se aplica, abrangendo todos os empregadores e trabalhadores no Brasil, independentemente do setor ou porte da empresa.
  • Fornecer diretrizes para o gerenciamento de riscos ocupacionais (GRO) — esse ponto é fundamental, porque ela deve orientar a respeito dos riscos no ambiente de trabalho, incluindo como devem ser identificados, avaliados e controlados, visando à prevenção de acidentes e doenças.
  • Definir responsabilidades ao especificar tanto o que o empregador quanto dos trabalhadores precisam fazer na promoção da segurança e saúde no trabalho.
  • Estabelecer medidas preventivas e indicar as ações necessárias para prevenir acidentes, doenças ocupacionais e outros riscos à saúde dos trabalhadores.
  • Tudo isso para criar um ambiente de trabalho mais seguro e saudável, com foco na melhoria das condições para os trabalhadores.

Sobre o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais da NR-1

O gerenciamento de riscos ocupacionais, conforme descrito na NR-1, é o processo de identificar, avaliar, controlar e monitorar os riscos no ambiente de trabalho que podem causar danos à saúde e segurança dos trabalhadores. 

Com ele, fica mais simples elaborar o Plano de Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (PGO) para prevenir acidentes e doenças relacionadas ao trabalho.

Gerenciar riscos ocupacionais vai muito além de planilhas e protocolos: veja como adequar sua empresa à nova NR-1 em três passos simples.

Benefícios da implementação da NR-1 e do GRO para a empresa

A implementação da NR-1 e do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais traz diversos benefícios para as empresas, não só no que se refere à conformidade legal, mas também no que tange à saúde, segurança e produtividade do time. Confira:

1. Manter-se de acordo com a lei e evitar penalizações

A conformidade com a NR-1 e com o GRO é essencial para que a empresa esteja alinhada às exigências legais estabelecidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. O descumprimento dessas normas pode resultar em multas, interdições e até mesmo em ações judiciais por parte de trabalhadores prejudicados por condições inadequadas de trabalho.

Além disso, a fiscalização pode ser intensificada dependendo do setor e do porte da empresa, o que pode gerar custos extras e danos à imagem da organização. Ao seguir a NR-1 e adotar um gerenciamento eficaz de riscos, a empresa se protege contra essas penalizações e cria um ambiente legalmente seguro e favorável.

2. Garantir a segurança e bem-estar do time

A principal vantagem da NR-1 e do GRO é a proteção à saúde e segurança dos colaboradores. A implementação dessas práticas contribui diretamente para a redução de acidentes e doenças ocupacionais, criando um ambiente de trabalho mais seguro.

Investir em treinamentos, equipamentos de proteção, controle de riscos e monitoramento contínuo demonstra preocupação com o bem-estar do time. Na prática, isso não apenas diminui as chances de lesões e doenças, como também fortalece a confiança dos colaboradores na empresa, uma vez que eles percebem que estão sendo cuidados e protegidos.

3. Fortalecer a marca empregadora

Empresas que priorizam a segurança e o bem-estar de seus colaboradores se destacam no mercado como bons empregadores, o que pode fortalecer a sua marca. A reputação da empresa será mais positiva, sendo reconhecida como um lugar que se preocupa com as pessoas, o que atrai profissionais qualificados e engajados.

É fato que a empresa passa a ser vista como responsável e comprometida com as normas e boas práticas de trabalho, o que a torna mais atrativa no mercado competitivo, sendo mais fácil reter talentos e promover a lealdade dos colaboradores.

4. Satisfação e produtividade dos colaboradores

Quando os colaboradores se sentem seguros e têm condições de trabalho adequadas, sua satisfação e motivação aumentam. Eles percebem que a empresa investe em um ambiente saudável e em práticas de prevenção, o que gera um sentimento de valorização e bem-estar.

Além disso, ambientes seguros e com um gerenciamento de riscos adequado resultam em menos tempo perdido com acidentes e doenças, aumentando a produtividade. 

Colaboradores saudáveis e motivados tendem a ser mais eficientes, criativos e comprometidos com os objetivos da empresa, o que contribui para um desempenho geral superior.

Também podemos citar a melhoria no clima organizacional e maior confiança no ambiente de trabalho, melhorando a convivência e a colaboração no time.

Os riscos psicossociais no trabalho

Com a Portaria MTE nº 1.419, tivemos atualizações para a NR-1 no final de 2024, que entra em vigor a partir de 26 de maio de 2025.

Um dos pontos mais falados foi a inclusão dos riscos psicossociais à NR-1, ou seja, toda empresa passa a ter a necessidade de incluir estratégias para prevenir o assédio e violência, incorporando essas ações no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Isso indica a importância da saúde mental no contexto do trabalho.

Mas o que é um risco psicossocial no trabalho? São fatores presentes no contexto de trabalho que podem afetar negativamente a saúde mental e emocional dos trabalhadores. Esses riscos incluem situações como estresse excessivo, assédio moral ou sexual, falta de apoio social, pressão por metas ou carga de trabalho desproporcional, além de um ambiente de trabalho tóxico. 

A exposição prolongada a esses fatores pode levar a problemas como ansiedade, depressão, esgotamento profissional (burnout) e outros transtornos psicológicos. É fundamental que as empresas identifiquem e gerenciem esses riscos, promovendo um ambiente saudável que favoreça o bem-estar e a produtividade dos colaboradores.

Como desenvolver um plano de ação

Considerando a NR-1 e o GRO, essas são nossas sugestões para que você crie um plano de ação na empresa!

1. Identificação dos riscos

A primeira etapa é identificar os riscos presentes no ambiente de trabalho. Isso inclui os riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais, entre outros.

Por exemplo, exposição a substâncias tóxicas, máquinas e equipamentos perigosos, trabalho repetitivo, estresse, ruído excessivo, etc. Com a atualização da NR-1, os riscos psicossociais também entram em pauta, como sobrecarga de trabalho e até mesmo assédio no ambiente de trabalho, seja ele moral ou sexual.

2. Avaliação dos riscos

Após identificar os riscos, é preciso avaliá-los para entender sua gravidade e a probabilidade de ocorrência. Entre as ações necessárias, estão realizar medições, observações e análises para determinar o potencial impacto dos riscos na saúde e segurança dos trabalhadores.

A avaliação ajuda a priorizar quais riscos devem ser tratados com mais urgência, conforme o seu grau de perigo.

3. Controle dos riscos

Depois de avaliar os riscos, a ação de controle é tomada para minimizar ou eliminar os riscos identificados. Existem várias formas de controle, como:

  • Remover o risco do ambiente de trabalho (por exemplo, substituir uma substância perigosa por uma mais segura).
  • Trocar um método de trabalho perigoso por outro mais seguro.
  • Instalar equipamentos de proteção, como ventilação, barreiras de segurança ou isolamento acústico.
  • Modificar processos de trabalho, rotinas ou horários para reduzir a exposição dos trabalhadores aos riscos.
  • Usar equipamentos de proteção individual (EPIs), como capacetes, luvas, protetores auriculares e até mesmo móveis considerados ergonômicos.
  • Repensar e metas por equipe e individuais, considerando reclamações de sobrecarga de trabalho.

4. Monitoramento e revisão

O gerenciamento de riscos deve ser monitorado continuamente para garantir que as medidas de controle estão funcionando como esperado. Isso inclui a realização de inspeções periódicas, revisões de procedimentos e a coleta de feedback dos trabalhadores.

Caso algum risco novo surja ou as condições de trabalho mudem, o processo de gerenciamento de riscos deve ser revisado e ajustado.

5. Treinamento e conscientização

Parte do gerenciamento de riscos inclui treinar os trabalhadores sobre os riscos presentes no ambiente de trabalho e as práticas de segurança. A conscientização é fundamental para garantir que todos saibam como se proteger e agir corretamente em situações de risco.

6; Registro e documentação

É importante que todos os riscos levantados sejam documentados em um playbook. Junto dele, é necessário elaborar um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).

O PGR deve incluir várias etapas e componentes essenciais para garantir a segurança e saúde no trabalho. Primeiro, realize uma identificação e análise de riscos ocupacionais, considerando fatores como riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e psicossociais. 

Com base nessa análise, devem ser adotadas medidas de controle adequadas para mitigar os riscos, como treinamentos, uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), modificações nos processos e instalação de sistemas de segurança. 

Agora, é preciso incluir no PGR a questão dos riscos psicossociais. Nossa dica é elencar as principais reclamações dos colaboradores e entender como reduzi-las. Se é excesso de tarefas, considere repensar metas e dividir tarefas. Se a questão é assédio, rever políticas e conversar diretamente com envolvidos é o melhor caminho.

O PGR também precisa incluir um plano de ação para situações de emergência, procedimentos de monitoramento contínuo, registro e documentação das ações e riscos identificados, além de um programa de revisão e atualização periódica. 

Além disso, deve garantir a participação dos trabalhadores, com treinamento constante e conscientização sobre a importância das medidas de segurança e o cumprimento das normas estabelecidas.

Direitos e deveres dos trabalhadores e empregadores conforme a NR-1

A NR-1 estabelece direitos e deveres tanto para os trabalhadores quanto para os empregadores com o objetivo de promover um ambiente de trabalho seguro e saudável. Os trabalhadores têm o direito de receber informações claras e adequadas sobre os riscos que possam existir no ambiente de trabalho, bem como de serem treinados sobre como se proteger desses riscos. 

Além disso, têm o direito de trabalhar em condições seguras, com acesso a Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a serem informados sobre as medidas de prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. 

É importante entender que eles têm a obrigação de seguir as normas de segurança e saúde estabelecidas pela empresa, utilizar os EPIs fornecidos, colaborar com as ações de prevenção de riscos e comunicar ao empregador qualquer situação que represente risco à sua saúde ou segurança.

Por outro lado, os empregadores têm a responsabilidade legal de garantir que o ambiente de trabalho seja seguro e saudável, cumprindo todas as normas de segurança exigidas pela NR-1 que falamos neste artigo.

Impactos da NR-1 na cultura organizacional

A implementação da NR-1 tem um impacto significativo na cultura organizacional ao promover uma cultura de segurança e bem-estar no ambiente de trabalho. 

Ao estabelecer normas claras para a prevenção de riscos ocupacionais e ao envolver os trabalhadores no processo de segurança, a norma fortalece a conscientização sobre a importância da saúde e segurança, incentivando comportamentos mais responsáveis e colaborativos. 

O resultado é um ambiente de trabalho mais respeitoso e comprometido, onde tanto empregador quanto empregado compartilham a responsabilidade pela segurança, resultando em menor ocorrência de acidentes, maior confiança e satisfação entre os colaboradores, e uma organização mais sustentável e engajada com as questões sociais e de compliance.

Leia também: Passo a passo para fazer uma pesquisa de clima organizacional

Conclusão e próximos passos

Seguir as recomendações da NR-1 é uma obrigação legal de toda empresa. Mas entenda que toda norma é um organismo vivo e sua organização deve ficar atenta para estar de acordo com as atualizações.

Nossa dica é revisar seu Plano de Gerenciamento de Riscos, garantindo que ele esteja em dia antes de 25 de maio, quando as novas atualizações da NR-1 entram em vigor.

Quer saber mais? Baixe agora o Guia Prático para RH e DP e receba um checklist exclusivo para cumprir as exigências da NR-1.

Conheça a Caju

Preencha o formulário de interesse abaixo.

Entraremos em contato com as melhores soluções para sua empresa.

Compartilhe nas redes sociais

Cecilia Alberigi

Sou jornalista, publicitária e viajante nas horas vagas. Na Caju, minha missão é transformar textos complexos em conteúdos claros, acessíveis e que façam sentido para quem me lê. Acredito que a flexibilidade é fundamental em todos os aspectos da vida, por isso valorizo a liberdade de adaptação, tanto no trabalho quanto no cotidiano.

Ver todos os posts dessa autoria

Receba um pedaço da Caju toda semana.

Inscreva-se na nossa newsletter e receba as principais novidades que o profissional de RH precisa saber para se destacar no mercado.