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Cultura organizacional

Como a linguagem inclusiva impulsiona a diversidade nas empresas?

Saiba como a linguagem inclusiva fortalece a diversidade e descubra boas práticas de RH para criar uma cultura acolhedora.

Criado em

Atualizado em

por Cecilia Alberigi

Leia em 11 minutos

Você já percebeu que cada palavra que falamos ou escrevemos importa muito hoje em dia, especialmente no ambiente de trabalho? A linguagem inclusiva tem ganho cada vez mais espaço justamente porque ajuda a construir ambientes corporativos mais diversos, respeitosos e acolhedores para todos os colaboradores.

A forma como nos comunicamos reflete valores, reforça ou quebra padrões culturais e impacta diretamente como as pessoas se sentem em relação ao local onde trabalham. Para o RH, que é a área responsável por estruturar processos, políticas e comunicações institucionais, dominar o tema e aplicá-lo no dia a dia é um passo essencial para:

  • Impulsionar a diversidade no ambiente de trabalho;
  • Fortalecer uma cultura organizacional inclusiva;
  • Criar condições para que cada pessoa possa ser quem é, sem medo de exclusão.

Neste guia completo, vamos entender o que é linguagem inclusiva, como ela influencia a diversidade nas empresas, quais são as boas práticas para começar a usá-la de forma efetiva e quais desafios ainda existem, além das dicas para superá-los.

O que é linguagem inclusiva e por que ela importa no RH?

A linguagem inclusiva é o uso consciente de palavras, expressões e formas de comunicação que acolhem todas as identidades, sem reproduzir preconceitos, estereótipos ou discriminações. É uma forma de falar e escrever que considera:

  • Gênero;
  • Orientação sexual;
  • Raça;
  • Etnia;
  • Idade;
  • Deficiência;
  • entre outras características que compõem a pluralidade de um time.

Por exemplo: uma prática comum é substituir termos masculinos genéricos por expressões que contemplem todos os gêneros ou que sejam neutras. Assim, em vez de “os colaboradores”, pode-se dizer “as pessoas colaboradoras” ou “a equipe”.

Como a linguagem molda comportamentos e culturas?

A forma como nos comunicamos ajuda a reforçar ou a desconstruir comportamentos. Uma comunicação excludente perpetua estigmas e limita quem se sente visto ou representado. Já uma comunicação inclusiva promove respeito, pertencimento e sinaliza, na prática, que a diversidade é valorizada.

No ambiente corporativo, a linguagem se materializa em manuais, políticas internas, anúncios de vagas, descrições de cargos, comunicados, treinamentos e interações diárias. Se o texto de uma vaga, por exemplo, usa termos que afastam mulheres ou pessoas não binárias, a empresa restringe o acesso de talentos logo na porta de entrada.

Por isso, falar de comunicação inclusiva é falar de um RH mais estratégico.

O papel do RH como agente de mudança

Profissionais de RH, gestores de cultura e lideranças têm um papel crucial como agentes de mudança. Cabe a essas áreas questionar padrões excludentes, criar políticas claras e educar toda a empresa sobre a importância de se comunicar de forma respeitosa.

Investir em boas práticas de RH voltadas à linguagem inclusiva demonstra o compromisso da organização com a diversidade, equidade e inclusão, além de fortalecer a cultura organizacional inclusiva.

Como a linguagem inclusiva impacta a diversidade nas empresas?

Na prática, adotar a linguagem inclusiva significa rever expressões que usamos no dia a dia. Alguns exemplos claros são:

  • Pronomes corretos: respeitar e usar o pronome com o qual a pessoa se identifica (ele/dele, ela/dela ou elu/delu, que são pronomes neutros em português, usados para se referir a pessoas que não se identificam com os gêneros masculino ou feminino);
  • Neutralidade de gênero: evitar generalizações masculinas como “os funcionários”. Todos podem optar por alternativas neutras, como “a equipe” ou “as pessoas do time”;
  • Termos não capacitistas: evitar expressões que reforçam estigmas sobre pessoas com deficiência, como “cego para o problema” ou “surdo aos pedidos”.

Essas mudanças podem parecer pequenas, mas criam um ambiente mais seguro, onde cada pessoa sente que sua identidade é reconhecida.

Benefícios para a atração e retenção de talentos

Empresas que praticam a inclusão no RH e revisam sua comunicação colhem resultados diretos. Uma descrição de vaga escrita em linguagem inclusiva, por exemplo, amplia o alcance a mais perfis de candidatos.

Já políticas internas que prezam por uma comunicação neutra e respeitosa contribuem para reter talentos diversos, pois as pessoas percebem que podem ser quem são.

Um estudo global chamado Talent Trends, da Michael Page, revelou que apenas 32% dos profissionais enxergam a inclusão no ambiente de trabalho. A linguagem, nesse contexto, se torna uma poderosa ferramenta para sinalizar que aquela empresa é um lugar seguro para todos.

Geração de pertencimento e engajamento

Quando a comunicação é excludente, muitas pessoas se sentem invisíveis ou desrespeitadas, o que impacta diretamente o engajamento.

Já uma comunicação intencionalmente inclusiva promove pertencimento. Colaboradores que se sentem vistos, ouvidos e respeitados se engajam mais, colaboram melhor e contribuem para uma cultura organizacional mais forte.

5 boas práticas para adotar linguagem inclusiva no RH

Adotar a linguagem inclusiva é um processo contínuo. Quando aplicada de forma integrada, reduz a discriminação, aumenta o senso de pertencimento e melhora o employer branding.

O RH pode liderar esse movimento com algumas práticas-chave. Aqui abaixo listamos 5 boas práticas detalhadas para implementar essa abordagem:

1. Recrutamento e seleção: atraia talentos diversos

O processo de recrutamento e seleção é a primeira impressão que candidatos têm da cultura organizacional. Usar uma linguagem inclusiva nas vagas e entrevistas demonstra compromisso com a diversidade e evita afastar talentos qualificados por vieses inconscientes.

Por isso é importante revisar descrições de vagas, com o objetivo de garantir que o texto não use termos que reforcem estereótipos ou afastem candidatos de grupos minorizados. Além disso, inclua campos para que a pessoa informe seu pronome e capacite recrutadores para conduzir entrevistas respeitando pronomes e evitando perguntas discriminatórias.

Checklist para fazer um recrutamento inclusivo:

  • Redigir anúncios com termos neutros (ex.: “pessoas colaboradoras” em vez de “os colaboradores”);
  • Evitar requisitos não essenciais que podem excluir grupos (ex.: “formado em universidade de elite”);
  • Incluir uma declaração de inclusão (ex.: “Valorizamos diversidade e encorajamos candidaturas de todos os gêneros, raças e habilidades”);
  • Treinar recrutadores para evitar perguntas tendenciosas (ex.: “Planeja ter filhos?”).

2. Políticas internas e comunicados: formalize o compromisso da empresa

A linguagem usada em documentos oficiais, e-mails e comunicados reflete os valores da empresa. Políticas mal redigidas podem, mesmo sem intenção, marginalizar parte dos colaboradores.

Para conseguir formalizar esse tipo de compromisso, atualize políticas de RH para adotar uma linguagem neutra ou inclusiva, use expressões que englobam todos e, não menos importante, dê exemplo! Afinal, líderes que adotam uma linguagem inclusiva no dia a dia incentivam toda a equipe.

Checklist para políticas e comunicados inclusivos:

  • Revisar manuais e regulamentos para substituir termos excludentes (ex.: usar “A pessoa colaboradora deverá apresentar atestado médico em caso de licença” em vez de “O colaborador deverá apresentar atestado médico em caso de licença”);
  • Incluir pronomes de identificação em assinaturas de e-mail (ex.: ela/ele/elu);
  • Evitar generalizações em comunicados (ex.: “Todos os funcionários devem usar terno e gravata” exclui dress codes culturais ou identidades não binárias).

3. Treinamentos e conscientização: educar para transformar

A linguagem inclusiva só se torna efetiva quando toda a equipe a compreende e aplica no dia a dia. Treinamentos contínuos ajudam a desconstruir vieses e normalizar práticas mais justas.

Vale muito a pena promover treinamentos sobre diversidade no ambiente de trabalho, comunicação não violenta e linguagem inclusiva. Para isso, é preciso envolver gestores, lideranças e equipes em workshops práticos, além de fornecer canais abertos para dúvidas e sugestões.

Checklist para treinamentos inclusivos:

  • Incluir módulos sobre linguagem neutra em programas de onboarding;
  • Promover workshops sobre vieses inconscientes, com exemplos de comunicações inadequadas x adequadas;
  • Envolver lideranças como embaixadores da inclusão, modelando a linguagem correta.

4. Materiais institucionais: foque na representatividade nessas comunicações

Site, redes sociais, apresentações e vídeos institucionais devem refletir a diversidade da sociedade e da força de trabalho, evitando estereótipos em imagens e textos.

Nesse processo, a parte prática envolve revisar manuais, apresentações, templates de e-mail, posts em redes sociais, políticas de onboarding e outros materiais. Para os materiais, também inclua exemplos de frases e expressões recomendadas com o objetivo de manter a consistência na aplicação das boas práticas de linguagem

Checklist para materiais inclusivos:

  • Usar bancos de imagens diversos (com diferentes etnias, corpos, idades, PCDs, LGBTQIA+);
  • Incluir acessibilidade através das legendas em vídeos, descrições de imagens e textos em formatos adaptáveis;
  • Evitar clichês (ex.: só mostrar mulheres em cargos de assistência e homens em liderança).

5. Ferramentas de revisão e apoio: estruture e organize a mudança

Para garantir consistência, é fundamental criar recursos que auxiliem a equipe a adotar a linguagem inclusiva de forma prática, como guias e ferramentas de verificação.

Incentivar o uso de softwares que identificam termos excludentes e sugerem alternativas é só uma das etapas necessárias. As ferramentas também incluem guias e checklists para revisão de documentos e e-mails.

Checklist para ferramentas de apoio:

  • Desenvolver um guia de linguagem inclusiva com termos recomendados, exemplos e armadilhas comuns;
  • Usar ferramentas de revisão como um decodificador de gênero para analisar anúncios de vagas;
  • Designar um comitê de diversidade para revisar materiais críticos antes da publicação.

Os desafios na adoção da linguagem inclusiva e como superá-los

A implementação da linguagem inclusiva no RH é um processo transformador, mas enfrenta barreiras como resistência cultural, desconhecimento e a necessidade de mudança gradual. Ou seja, apesar dos avanços, ainda existem barreiras para a implementação da linguagem inclusiva.

A seguir, detalhamos os principais desafios e estratégias práticas para superá-los:

Resistência interna

Algumas pessoas podem não entender a importância do tema ou achar que é “exagero”. Alguns colaboradores ou líderes podem encarar a linguagem inclusiva como “forçada” ou desnecessária, especialmente em culturas organizacionais mais tradicionais. Não é difícil ouvir falas como “Isso é mimimi” ou “Sempre fizemos assim” quando o tema é citado. 

Para superar o desafio, é fundamental:

  • Sensibilizar com dados, exemplos e histórias reais: Mostre exemplos de empresas que melhoraram o employer branding e a retenção de talentos após a mudança;
  • Envolva a liderança: Quando gestores de alto escalão adotam a linguagem inclusiva em discursos e e-mails, isso sinaliza que a prática é valorizada;
  • Humanize o debate: Compartilhe depoimentos de colaboradores que se sentiram excluídos por termos inadequados;
  • Foque nos benefícios: Explique que a comunicação inclusiva reduz processos por discriminação e atrai um mercado mais diverso.

Pequenas mudanças geram grandes impactos e ajudam a quebrar resistências.

Falta de conhecimento ou insegurança

Muitas pessoas apoiam a ideia, mas têm medo de errar. Muitos colaboradores têm receio de usar termos errados ou não sabem por onde começar. Por isso, é papel do RH oferecer materiais de apoio, treinamentos e espaços de diálogo abertos, sem julgamentos.

O caminho para superar é:

  • Workshops: Fazer exercícios de reescrita de frases comuns no RH;
  • Crie um glossário rápido: Liste termos problemáticos e suas alternativas inclusivas (ex.: usar “pessoas com deficiência” no lugar de “deficientes”);
  • Normalize correções sem julgamento: Estimule um ambiente onde os erros sejam apontados de forma educada e receptiva;
  • Use ferramentas de apoio: Os guias de linguagem inclusiva ajudam na revisão.

Dificuldade para começar com passos pequenos e consistentes

A transformação não precisa acontecer da noite para o dia. Comece revisando processos prioritários, como recrutamento e materiais institucionais. Em paralelo, forme grupos de interesse e afinidade, capacite lideranças e crie canais de escuta ativa.

O ideal é avançar progressivamente e ter constância, priorizando áreas de maior impacto. Por isso você pode seguir com alguns passos iniciais que são mais efetivos:

  1. Comece pelo recrutamento: Revise anúncios de vagas com ferramentas de análise de viés e substitua “o candidato” por “a pessoa candidata”;
  2. Atualize e-mails e documentos-chave: Adicione pronomes de identificação nas assinaturas e corrija manuais internos (ex.: troque “funcionários” por “equipe”);
  3. Capacite multiplicadores: Treine o RH e líderes de equipe primeiro para que sirvam de exemplo;
  4. Colete feedback: Pesquise se colaboradores de grupos minorizados se sentem mais incluídos com as mudanças;
  5. Celebre as pequenas vitórias: Reconheça publicamente equipes que adotaram as mudanças com sucesso.

Agora você já sabe o que precisa sobre o uso da linguagem inclusiva!

Percebeu como a linguagem inclusiva é muito mais do que usar as palavras certas? Ela é um reflexo do compromisso da empresa com a diversidade, a inclusão e o respeito às diferenças.

Para o RH, adotar práticas de comunicação inclusiva fortalece a cultura organizacional, gera pertencimento e posiciona a empresa como uma marca empregadora moderna e responsável. A mudança sempre começa com uma pergunta simples: como podemos tornar a nossa forma de falar mais acolhedora para todas as pessoas?

Quer transformar a cultura da sua empresa com mais inclusão? Então acesse também o guia gratuito sobre Treinamento em diversidade e inclusão com 6 ideias práticas para implementar!

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Cecilia Alberigi

Sou jornalista, publicitária e viajante nas horas vagas. Na Caju, minha missão é transformar textos complexos em conteúdos claros, acessíveis e que façam sentido para quem me lê. Acredito que a flexibilidade é fundamental em todos os aspectos da vida, por isso valorizo a liberdade de adaptação, tanto no trabalho quanto no cotidiano.

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