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Gestão de pessoas

Burn On: entenda a nova síndrome de exaustão crônica + 6 maneiras de prevenir

O problema que afeta profissionais de alta performance pode estar mais perto do que você imagina. Saiba como prevenir o Burn On!

Criado em

Atualizado em

por Cecilia Alberigi

Leia em 11 minutos

Nos últimos anos, a saúde mental ganhou protagonismo no debate corporativo. Empresas passaram a reconhecer que o bem-estar emocional dos colaboradores é parte essencial de uma cultura organizacional saudável e produtiva. Nesse cenário, síndromes ligadas ao estresse ocupacional, como o Burn On, são amplamente discutidas.

Essa é uma nova condição que vem chamando a atenção dos especialistas e dos setores de Recursos Humanos. Enquanto o burnout, conhecido a mais tempo, é caracterizado por um colapso físico e emocional, levando à exaustão extrema e, muitas vezes, ao afastamento do trabalho, o Burn On é mais silencioso e traiçoeiro.

Neste guia, vamos explorar a fundo o que é a Síndrome de Burn On, seus sintomas e causas, como ela se diferencia da síndrome de burnout, além de estratégias para identificação, tratamento e prevenção no ambiente corporativo.

Use este guia completo para apoiar líderes e profissionais de RH na criação de ambientes de trabalho mais saudáveis e emocionalmente equilibrados, promovendo uma cultura de cuidado genuíno com as pessoas.

O que é Burn On?

A síndrome de Burn On é uma forma crônica e silenciosa de esgotamento emocional, em que o indivíduo continua desempenhando suas funções, muitas vezes de forma exemplar, mesmo estando profundamente esgotado.

Esse termo foi popularizado pelo psiquiatra alemão Timo Schiele e pela psicoterapeuta Bert te Wildt, que perceberam um padrão recorrente em pacientes que apresentavam sintomas de exaustão severa sem deixarem de trabalhar ou entregar resultados.

  • O Burn On é caracterizado por uma combinação de alta performance, longas jornadas de trabalho e pressão constante com um estado interno de fadiga contínua, apatia e sofrimento emocional;
  • Ele afeta profissionais que continuam entregando resultados, muitas vezes acima da média, mas às custas da própria saúde mental. O Burn On representa um estado crônico de exaustão emocional que se prolonga por longos períodos, mascarado por uma produtividade aparente;
  • Diferentemente do burnout, que pode levar a colapsos, afastamentos médicos e interrupção das atividades profissionais, o Burn On se apresenta como uma resistência contínua ao colapso. Ou seja, é o esgotamento que persiste e se arrasta, mascarado pela entrega constante e pelo perfeccionismo.

Na prática, muitos profissionais com Burn On são vistos como exemplos de dedicação, comprometimento e resiliência. No entanto, por trás dessa fachada produtiva, existe um custo emocional alto, que pode se agravar com o tempo e gerar consequências severas para a saúde física e mental.

Quais os sintomas da síndrome de Burn On?

A identificação da síndrome de Burn On pode ser desafiadora, especialmente porque os indivíduos afetados raramente expressam sinais externos de sofrimento. Eles mantêm a rotina de trabalho, evitam demonstrar vulnerabilidade e muitas vezes sequer reconhecem o próprio desgaste.

No entanto, existem sintomas característicos que podem ajudar na detecção da condição. Confira a lista dos 7 principais:

1. Exaustão emocional constante

Mesmo com sono adequado e sem excesso de demandas pontuais, a pessoa se sente constantemente cansada, esgotada e sem energia. A sensação de fadiga é permanente e pode ser um dos principais indicativos de que há uma síndrome silenciosa causando esse estado.

2. Sensação de estar sempre “ligado”

O indivíduo vive em um estado de alerta contínuo, como se estivesse sempre à beira de uma nova entrega ou desafio. Isso impede o relaxamento e o descanso mental.

Com o modelo de trabalho remoto, isso pode ser identificado com o perfil de pessoas que ficam de olho em notificações em aplicativos de trabalho e contas de e-mail, sentindo sempre a necessidade de responder independente do horário.

3. Dificuldade de desconectar do trabalho

Mesmo fora do expediente, há uma preocupação constante com as tarefas, responsabilidades e metas. A mente permanece ocupada com assuntos profissionais durante boa parte do tempo livre.

4. Necessidade de controle e perfeccionismo

Pessoas com Burn On tendem a querer controlar todos os aspectos do trabalho, assumem mais responsabilidades do que deveriam e têm uma busca constante por excelência, mesmo às custas da saúde.

5. Falta de motivação verdadeira

Apesar de entregarem resultados, essas pessoas não sentem prazer genuíno pelo que fazem. O trabalho deixa de ser fonte de propósito na rotina e passa a ser uma obrigação mecânica, feita apenas por obrigação.

6. Irritabilidade e isolamento

Com o passar do tempo, o esgotamento emocional se reflete em mudanças de comportamento: aumento da irritabilidade, impaciência, dificuldades nos relacionamentos interpessoais e tendência ao isolamento.

7. Problemas físicos recorrentes

Distúrbios do sono, dores de cabeça, tensão muscular, problemas gástricos e alterações no apetite são comuns em pessoas com Burn On. Reconhecer esse e os outros sinais é o primeiro passo para o diagnóstico e a intervenção precoce, evitando que o quadro evolua para algo mais grave.

Quais as causas do Burn On?

A síndrome de Burn On não tem uma única causa, mas sim um conjunto de fatores que, combinados, aumentam significativamente o risco de desenvolvimento da condição.

Entre as principais causas estão essas 5 que listamos a seguir:

1. Cultura organizacional de alta performance

Ambientes corporativos que valorizam apenas resultados, metas e produtividade, sem espaço para vulnerabilidade, pausas ou equilíbrio, tendem a alimentar o Burn On. A pressão constante para performar pode se transformar em exaustão.

2. Falta de limites entre vida pessoal e profissional

Com a popularização do trabalho com equipes remotas e da hiperconectividade, muitos profissionais têm dificuldade em estabelecer limites claros entre trabalho e vida pessoal. Essa fusão prolonga o tempo de exposição ao estresse e impede o descanso necessário.

3. Perfil perfeccionista

Indivíduos com tendências ao perfeccionismo, autocobrança excessiva e necessidade de aprovação são mais propensos ao Burn On, pois raramente se permitem falhar ou descansar.

4. Falta de reconhecimento emocional

A ausência de validação, feedback contínuo, escuta ativa e reconhecimento pelo esforço emocional também contribui para o desgaste prolongado, mesmo que existam recompensas materiais ou financeiras.

5. Estigmatização da vulnerabilidade

Em muitas empresas, ainda há estigmas associados a demonstrações de cansaço, sofrimento emocional ou necessidade de ajuda. Isso leva profissionais a esconderem seus sintomas, o que só agrava o quadro.

É importante que os líderes e times de RH estejam atentos a essas condições organizacionais, pois elas não apenas favorecem o surgimento do Burn On, como também dificultam sua detecção e tratamento.

Quais as diferenças entre Burn On e Burnout?

Embora ambos os termos estejam relacionados à exaustão no trabalho, é fundamental entender que Burn On e Burnout não são sinônimos. Eles representam fases diferentes de um mesmo espectro de esgotamento emocional, com características próprias.

Confira um quadro comparativo:

AspectoBurn OnBurnout
Estado de atividadeO profissional continua produtivoA produtividade é muito afetada
Sintomas visíveisPouco perceptíveis, mascaradosEvidentes, com forte impacto no dia a dia
Relacionamento com o trabalhoPersistência em trabalhar, mesmo com sofrimentoAversão ao trabalho, desconexão total
Fase da síndromeEstágio inicial ou intermediárioEstágio final e agudo
Possibilidade de diagnósticoMais difícil de diagnosticarMais fácil, com critérios já consolidados
Interrupção das atividadesRaramente ocorreFrequentemente leva ao afastamento

Em resumo, o Burn On é o esgotamento que não para. Além disso, ele se manifesta antes do colapso, quando ainda é possível manter a fachada de que tudo está bem. Já o burnout é o colapso propriamente dito, com prejuízos profundos à vida pessoal e profissional.

Qual o tratamento e diagnóstico do Burn On?

O diagnóstico da síndrome de Burn On ainda é desafiador, pois não existe um protocolo clínico amplamente reconhecido como no caso do burnout. No entanto, psicólogos e psiquiatras vêm desenvolvendo critérios baseados em relatos e padrões observados em pacientes.

Já o tratamento do Burn On envolve uma abordagem multifatorial, envolvendo um conjunto de aspectos para conseguir promover o bem-estar.

Diagnóstico

O diagnóstico é predominantemente clínico, baseado em entrevistas e no histórico do paciente.

O profissional de saúde mental irá investigar a rotina de trabalho, os sintomas emocionais e físicos, os comportamentos relacionados à produtividade e os sentimentos subjetivos do indivíduo. Questionários psicológicos e escalas de avaliação de estresse podem ser utilizados como apoio.

Tratamento

O tratamento do Burn On passa por:

  • Psicoterapia: Terapias cognitivas-comportamentais e psicodinâmicas são eficazes para ajudar o paciente a reconhecer padrões de autocobrança e desenvolver novas estratégias de enfrentamento;
  • Medicamentos: Em alguns casos, antidepressivos ou ansiolíticos podem ser recomendados para controle dos sintomas, sempre sob orientação médica;
  • Mudança de hábitos e rotina: Estabelecer limites de trabalho, incorporar pausas, investir em lazer e sono de qualidade são atitudes fundamentais;
  • Mudança de ambiente de trabalho: Em casos mais severos, uma mudança de cargo, setor ou até de empresa pode ser necessária para preservar a saúde mental do profissional.

O suporte da empresa e da liderança é essencial durante esse processo, como veremos a seguir.

Como prevenir a síndrome de Burn On?

A prevenção do Burn On exige uma combinação de ações individuais e organizacionais. A seguir, listamos 6 estratégias eficazes que podem ser aplicadas dentro das empresas:

1. Promover uma cultura de equilíbrio

Fomentar uma cultura que valorize o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, onde pausas sejam incentivadas e não punidas, é o primeiro passo para prevenir quadros de esgotamento crônico.

2. Incentivar a vulnerabilidade e o diálogo

Criar espaços seguros para conversas francas sobre saúde mental, frustrações e dificuldades ajuda a reduzir o estigma e possibilita intervenções mais precoces para os profissionais.

3. Treinar lideranças para gestão emocional

Líderes bem preparados são capazes de identificar sinais de esgotamento nos seus times e agir com empatia. Treinamentos sobre inteligência emocional e escuta ativa devem fazer parte da formação gerencial.

4. Monitorar a carga de trabalho

É papel do RH e das lideranças das áreas garantir que as demandas estejam distribuídas de forma justa, respeitando a capacidade e os limites de cada profissional.

5. Investir em programas de bem-estar

Oferecer iniciativas como atendimento psicológico, incentivo à atividade física, acesso à meditação, sessões de mindfulness e políticas de desconexão fora do horário de expediente são medidas altamente eficazes.

6. Revisar metas e indicadores

Metas inatingíveis, KPIs excessivos e cobranças sem sentido criam ambientes tóxicos. É fundamental revisar esses critérios periodicamente, com foco em qualidade e não apenas em quantidade.

Qual a importância do apoio no ambiente de trabalho?

O RH e a liderança têm papel central no enfrentamento do Burn On. Empresas que reconhecem os impactos da saúde mental no desempenho de seus colaboradores e que desenvolvem ações concretas para cuidar das pessoas colhem benefícios tangíveis: 

Além de programas e políticas, é preciso cultivar um ambiente de confiança. Os profissionais devem sentir que podem pedir ajuda sem medo de julgamentos, que suas emoções importam e que o bem-estar não é um bônus, mas uma prioridade

Tudo isso passa por ações simples mas também por políticas estruturadas, como o acesso a psicoterapia e jornadas de trabalho mais humanas.

Promover o bem-estar emocional não é apenas uma obrigação ética, mas sim uma decisão estratégica. Empresas que cuidam de seus colaboradores também estão cuidando da sua longevidade e competitividade no mercado.

Agora você já sabe tudo sobre a síndrome de Burn On!

Percebeu como a síndrome de Burn On representa um novo desafio para o mundo corporativo? Ela escancara que o esgotamento nem sempre vem acompanhado de queda de performance e que o sofrimento mental pode estar mascarado por uma produtividade aparente.

Ignorar esse fenômeno é fechar os olhos para um problema que compromete não apenas a saúde dos profissionais, mas também a sustentabilidade das organizações. Reconhecer os sinais, entender as causas, tratar com responsabilidade e, acima de tudo, prevenir o Burn On exige uma mudança de cultura.

É hora de reavaliar o que entendemos por “comprometimento” e “alta performance”, resgatando o valor do equilíbrio, da empatia e do cuidado genuíno com as pessoas. Por isso, nossa indicação é acessar agora o conteúdo sobre a “Nova lei de Saúde Mental: guia para empresas e RH”!

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Cecilia Alberigi

Sou jornalista, publicitária e viajante nas horas vagas. Na Caju, minha missão é transformar textos complexos em conteúdos claros, acessíveis e que façam sentido para quem me lê. Acredito que a flexibilidade é fundamental em todos os aspectos da vida, por isso valorizo a liberdade de adaptação, tanto no trabalho quanto no cotidiano.

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