
Conarh 2025: tudo o que você precisa saber sobre o maior evento de RH do Brasil
Por Cecilia Alberigi em
Inscreva-se na nossa newsletter e receba as principais novidades que o profissional de RH precisa saber para se destacar no mercado.
O chronoworking procura adaptar a jornada de trabalho ao ritmo biológico de cada pessoa. Por exemplo, pessoas mais dispostas à noite, podem começar suas funções mais tarde e finalizar à noite. Tudo, claro, em concordância com a empresa.
Se você reparar seu ambiente de trabalho, vai notar que, logo cedo, algumas pessoas chegam bem dispostas e fazem boas entregas. Enquanto isso, outras demoram um pouco mais para se animar e tendem a ter a produtividade mais alta após o almoço. Isso é natural, pois cada um de nós tem um cronotipo, que nos faz ter mais ou menos energia em determinados horários.
Dessa maneira, considerando o cronotipo de cada pessoa, surgiu o chronoworking, um conceito de trabalho que flexibiliza horários para que as pessoas sejam mais produtivas de acordo com sua natureza.
Vale a pena considerar o chornoworkig na empresa? Continue lendo para saber!
Chronoworking é um conceito que busca adaptar a jornada de trabalho ao ritmo biológico individual de cada pessoa, conhecido como cronotipo. A ideia central é que, ao alinhar as atividades laborais com os momentos do dia em que uma pessoa está mais alerta e produtiva, é possível aumentar o desempenho, a motivação e o bem-estar.
Essa ideia surgiu a partir de estudos em cronobiologia, um ramo da ciência que analisa os ritmos biológicos, como o ciclo circadiano, que regula o sono, a vigília e outras funções fisiológicas ao longo de 24 horas.
Assim, a aplicação do chronoworking leva em conta que nem todos os indivíduos funcionam da mesma forma ao longo do dia: alguns têm picos de produtividade pela manhã (cronotipos matutinos), enquanto outros rendem melhor à tarde ou à noite (vespertinos).
Uma vez que a empresa respeita essas diferenças naturais, as organizações podem promover um ambiente de trabalho mais saudável e eficiente, reduzindo o estresse e o risco de doenças relacionadas à privação de sono e à desregulação do relógio biológico. Dessa maneira, o chronoworking representa uma abordagem mais humanizada e personalizada da gestão do tempo no trabalho.
Considerar o chornoworking ajuda a construir um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo, refletindo diretamente no desempenho da empresa e na sua reputação no mercado. Entenda as principais vantagens:
Quando os colaboradores podem trabalhar durante os períodos em que são mais produtivos, seja pela manhã ou à noite, há um ganho direto em eficiência. Ao alinhar a jornada de trabalho ao ritmo biológico de cada pessoa, os picos de energia e foco são maximizados, resultando em maior concentração e qualidade nas entregas.
Dessa maneira, a flexibilidade do horário permite que os trabalhadores evitem momentos de baixa produtividade, como o “fim da tarde” para alguns ou o “início da manhã” para outros, o que reduz a procrastinação e acelera os processos de trabalho.
A flexibilidade de horário e a adaptação ao ritmo individual também contribuem para a redução do absenteísmo. Com a possibilidade de ajustar o horário de trabalho conforme o momento de maior disposição, as pessoas tendem a sentir-se mais motivadas e menos propensas a faltar ao trabalho devido a questões relacionadas à saúde, como cansaço excessivo ou problemas de sono.
Além disso, ao diminuir o estresse relacionado ao cumprimento de horários fixos, os colaboradores têm menos chances de adoecer ou se afastar por questões psicológicas, como a síndrome de burnout.
A possibilidade de trabalhar de acordo com o seu ritmo natural também tem um impacto direto no engajamento dos funcionários. Uma vez que o time se sente compreendido e respeitado em seus horários de trabalho, a satisfação no ambiente corporativo aumenta. Isso leva a uma maior dedicação às tarefas e ao desejo de entregar resultados excepcionais.
O sentimento de autonomia e controle sobre a própria agenda contribui para que os trabalhadores sintam que suas necessidades são atendidas, promovendo um clima organizacional mais saudável e colaborativo. De certa forma, isso impacta positivamente também na retenção e atração de talentos.
Empresas que adotam o chronoworking demonstram um compromisso com a qualidade de vida dos seus colaboradores, o que fortalece a imagem da organização como um empregador desejável. E é mais uma forma de atrair talentos que buscam equilíbrio entre vida profissional e pessoal e desejam trabalhar em ambientes inovadores e flexíveis.
O alinhamento com as tendências de trabalho mais modernas coloca a empresa à frente da concorrência em termos de valor de marca, tornando-a mais competitiva no mercado de recrutamento.
O chronoworking proporciona um nível de flexibilidade que contribui para o bem-estar dos funcionários, isso permite adaptar rotinas profissionais de forma mais harmoniosa com suas vidas pessoais. Por exemplo, usar parte das manhãs para atividades pessoais, já que se pode trabalhar até mais tarde.
Assim, o controle sobre os horários de trabalho, sem a rigidez de jornadas fixas, aumenta a satisfação geral e ajuda a equilibrar os compromissos familiares, pessoais e profissionais.
Nem toda empresa vai conseguir estabelecer o chronoworking e, ainda, há elementos de desafio. Saiba quais são:
Adotar um sistema de chronoworking pede uma reorganização significativa dos processos internos. Em muitos casos, envolve a criação de turnos específicos para os colaboradores, o que impacta a gestão de pessoas e a produtividade.
Para algumas empresas, as de setores mais tradicionais, sobretudo, essa reestruturação pode ser cara e complexa, envolvendo investimentos em treinamento, reconfiguração de espaço e, talvez, contratação de mais pessoal para cobrir as novas demandas de horários alternativos.
Para algumas empresas, como as que têm escritórios em prédios compartilhados ou em áreas comerciais, não têm a flexibilidade de operar fora do horário comercial convencional. Existem limitações físicas e logísticas que tendem a impedir que o chronoworking seja adotado de maneira eficaz.
Por exemplo, sistemas de segurança, limpeza, manutenção e acesso a transporte público podem ser configurados para horários tradicionais, o que dificulta a adaptação para turnos alternativos.
Dessa forma, o chornowroking acaba sendo mais viável às empresas que já tem alguma flexibilidade ou optam pelo trabalho remoto ou híbrido.
Existem algumas funções e processos que não podem se adaptar a turnos alternativos. Por exemplo, no caso de atividades que exigem interação direta com o cliente ou outras partes externas, como vendas, atendimento ao cliente, e funções de produção que demandam sincronização em tempo real.
Empresas cuja cultura é menos flexível e fazem questão de ter o colaborador no escritório nos mesmos horários em que as lideranças estão nem sempre vão se adaptar ao chronoworking. Para que esse conceito seja implementado, primeiro é preciso que a gestão o aceite.
Na prática, o chronoworking funciona por meio da flexibilização dos horários de trabalho, o que permite aos colaboradores desempenharem suas funções nos períodos em que são naturalmente mais produtivos, conforme seu cronotipo.
Para implementar essa abordagem de trabalho, a empresa precisa, primeiro, identificar o cronotipo de cada funcionário — o que pode ser feito por meio de questionários específicos, como o MEQ (Morningness-Eveningness Questionnaire), ou por acompanhamento de hábitos ao longo do tempo.
Uma vez identificados os ritmos biológicos dos trabalhadores, a empresa tem a opção de organizar escalas de trabalho mais flexíveis, como jornadas com horários de entrada e saída variáveis, turnos adaptados ou até a possibilidade de trabalho assíncrono, sobretudo em modelos híbridos ou remotos.
Além disso, é possível usar ferramentas de gestão para garantir que a comunicação e a produtividade sejam mantidas, mesmo com horários diferentes entre os membros da equipe.
Organizações que adotam o chronoworking podem se beneficiar de maior engajamento, redução do absenteísmo, melhoria na saúde mental e física dos funcionários, além de ganhos em inovação e desempenho.
No entanto, para que funcione bem, é essencial que a organização mantenha uma cultura de confiança, foco em resultados e boa comunicação interna.
Lembrete: nosso checklist pode ser adaptado de acordo com o porte da empresa e o setor de atuação. O mais importante é equilibrar flexibilidade com organização e foco em resultados.
( ) Avalie a cultura organizacional e a viabilidade da flexibilização de horários.
( ) Identifique cargos e áreas que permitem autonomia no controle de tempo.
( ) Realize um levantamento dos cronotipos dos colaboradores (questionários como MEQ, autoavaliações, etc.).
( ) Defina metas e objetivos da implementação (ex.: aumentar produtividade, reduzir absenteísmo).
( ) Planeje uma política de horários flexíveis baseada nos cronotipos.
( ) Estabeleça diretrizes para comunicação e colaboração assíncrona (ferramentas, horários de sobreposição, etc.).
( ) Implante sistemas de controle de jornada que permitam horários variáveis.
( ) Ofereça plataformas de gestão de tarefas e produtividade (ex.: Trello, Asana, Notion).
( ) Treine lideranças para gerenciar equipes com horários diversos.
( ) Comunique de forma clara e transparente o que é chronoworking e seus benefícios.
( ) Engaje os colaboradores no processo de adaptação.
( ) Estimule feedback contínuo e ajustes conforme necessidades reais.
( ) Monitore indicadores de desempenho, engajamento e bem-estar.
( ) Realize revisões periódicas da política e ajustar conforme feedbacks.
( ) Divulgue resultados e boas práticas internamente.
Não, nem toda empresa consegue adotar o chronoworking de forma eficaz, ainda mais aquelas que não têm estrutura para implementar horários flexíveis ou escalas rotativas. Empresas pequenas, por exemplo, podem enfrentar dificuldades devido ao número reduzido de colaboradores, o que torna a possibilidade de adaptação mais limitada.
Nesses casos, a flexibilidade de horário pode impactar diretamente a operação e o atendimento ao cliente, principalmente quando é necessário que a equipe esteja presente em determinados momentos do dia. Além disso, a falta de recursos para monitoramento adequado ou ferramentas que facilitem o trabalho remoto ou assíncrono também pode ser uma barreira.
Outro fator que limita a adoção do chronoworking é a cultura organizacional. Em empresas com uma cultura mais tradicional e rígida, que priorizam a presença física ou horários fixos, a implementação do chronoworking é desafiadora.
Quando existe um controle mais rigoroso da jornada de trabalho, mudanças nos horários podem gerar resistência entre os colaboradores ou até mesmo nas lideranças. Portanto, a transição para um modelo mais flexível exige, além de ajustes práticos, uma mudança de mentalidade, o que pode ser mais complicado em contextos organizacionais menos propensos à inovação e adaptação.
Os cronotipos são uma forma de descrever os ritmos naturais de sono e vigília de um indivíduo, que estão ligados ao seu ciclo circadiano, ou o relógio biológico de cada um. Nós temos cronotipos diferentes, o que significa que os picos de energia, atenção e desempenho variam ao longo do dia. Esses são os cronotipos:
São as famosas pessoas da manhã, que tendem a acordar cedo, lá pelas 5h ou 6h, quando se sentem mais alertas. Costumam ter seu melhor desempenho durante as manhãs, quando o cérebro está mais fresco e a energia é mais alta. Mais para o fim da tarde, já se cansam e tendem a dormir até umas 22h.
São aqueles que tendem a acordar mais tarde e têm um pico de energia à noite. Durante o dia, podem sentir-se mais cansados ou com dificuldade de concentração, mas, ao final da tarde e noite, atingem um nível elevado de desempenho. Se você consegue ficar acordado até altas horas da noite e ainda consegue trabalhar bem, mas tem dificuldades para acordar cedo, provavelmente é vespertino.
Os intermediários não têm uma forte tendência para os horários da manhã ou noite, mas sim um pico de produtividade no meio da manhã e início da tarde. Eles geralmente têm um ritmo mais flexível. Sua produtividade tende a ser mais estável ao longo do dia, sem grandes picos de energia ou cansaço.
No Brasil, ainda não temos casos específicos de chronoworking, mas, sim, de empresas que têm flexibilizado mais os horários e permitido trabalho remoto.
Lá fora, a Zillow, uma plataforma online de imóveis, tem apostado nos modelos flexíveis de trabalho e permitiu que seus funcionários escolham horários adaptados aos seus cronotipos.
Desde que começou a adotar políticas de trabalho remoto e flexível, a Zillow notou uma melhora significativa na retenção de talentos e na saúde mental dos colaboradores. A empresa ainda cortou cerca de 40 milhões de dólares com custos de escritório.
Enquanto isso, a Microsoft Japão implementou a iniciativa do “4-Day Work Week”, ou seja, a semana de trabalho de quatro dias, onde os funcionários trabalhavam quatro dias por semana, mas com flexibilidade para escolher os horários. A empresa relatou um aumento de 40% na produtividade durante esse período, com um engajamento maior por parte dos funcionários.
Mesmo não sendo um exemplo direto de chronoworking (que envolve turnos baseados em cronotipos), essa experimentação com horários flexíveis e a redução de dias úteis já demonstra os benefícios de dar mais autonomia ao time.
O futuro do trabalho está sendo moldado por uma crescente demanda por flexibilidade, autonomia e equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Tecnologias como inteligência artificial, automação e ferramentas de colaboração digital estão permitindo que as empresas ofereçam modelos mais ágeis e personalizados de trabalho.
Claro que o conceito de chronoworking se encaixa nesse cenário, já que promove a personalização das jornadas de trabalho, permitindo que os colaboradores escolham horários que se alinhem com seus cronotipos e ritmos biológicos naturais. Isso não só aumenta a produtividade individual, como também contribui para o bem-estar e a satisfação dos trabalhadores.
Nos próximos anos, espera-se que o chronoworking evolua à medida que as organizações se adaptem a uma força de trabalho cada vez mais diversa e digitalmente conectada. O trabalho híbrido e remoto se consolidará como uma prática comum, e a flexibilidade nos horários será vista não apenas como um benefício, mas como uma estratégia para atrair e reter talentos.
Além disso, à medida que a mentalidade sobre produtividade evolui, as empresas podem se focar menos em métricas tradicionais, como horas trabalhadas, e mais nos resultados entregues, permitindo aos colaboradores maior liberdade para estruturar seus dias.
Apesar de o chronoworking não ser uma possibilidade a todo tipo de empresa, é preciso prestar atenção aos movimentos de flexibilidade e bem-estar, tentando ajustar a rotina da sua organização. Se não todos os dias da semana, que tal uma experiência de chronoworking uma vez na semana?
É interessante ouvir os colaboradores, conversar com a gestão e oferecer melhorias contínuas, que tragam mais qualidade de vida aos funcionários e reduzem a carga de excesso de trabalho e estresse. Hoje, riscos psicossociais já são uma questão na nossa legislação e, inclusive, gerenciá-los e reduzi-los já são uma obrigação da NR-1.
Aproveite para se atualizar em relação às novidades da NR-1, aqui mesmo no blog da Caju.
Preencha o formulário de interesse abaixo.
Entraremos em contato com as melhores soluções para sua empresa.
Sou jornalista, publicitária e viajante nas horas vagas. Na Caju, minha missão é transformar textos complexos em conteúdos claros, acessíveis e que façam sentido para quem me lê. Acredito que a flexibilidade é fundamental em todos os aspectos da vida, por isso valorizo a liberdade de adaptação, tanto no trabalho quanto no cotidiano.
Ver todos os posts dessa autoriaInscreva-se na nossa newsletter e receba as principais novidades que o profissional de RH precisa saber para se destacar no mercado.