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Gestão de pessoas

Economia prateada: o que é e qual o seu impacto?

Descubra por que a economia prateada é um movimento irreversível e como o RH pode liderar essa transformação, promovendo um ambiente de trabalho mais inteligente, inclusivo e atualizado com as novas demandas.

Criado em

Atualizado em

por Cecilia Alberigi

Leia em 10 minutos

O futuro do trabalho é mais cinza, e isso é uma ótima notícia. 

Com o envelhecimento acelerado da população brasileira, o mercado está diante de uma transformação silenciosa, mas poderosa: a ascensão da economia prateada.

Estamos falando de um grupo com experiência, estabilidade, poder de consumo e muita disposição para continuar contribuindo. Ainda assim, muitos RHs continuam recrutando como se a linha do tempo parasse nos 40.

Essa mentalidade já não faz mais sentido nem econômica, nem socialmente. 

O que pode dar errado? Perda de talento, exclusão e um mercado despreparado para a realidade demográfica que já começou.

Neste guia, você vai entender por que a economia prateada não é só uma tendência, mas um movimento irreversível. E mais: como o RH pode ser protagonista nessa mudança, criando um ambiente de trabalho mais inteligente, inclusivo e conectado com o agora.

Entenda o que é economia prateada

A economia prateada engloba produtos, serviços e oportunidades voltados para quem tem 50 anos ou mais. E tem o poder de transformar o mercado de trabalho, especialmente nas mãos do RH. 

No Brasil, a população acima desta faixa etária atingiu 27,9% em 2024, conforme dados da ONU. Nas projeções, ela atingirá 43,2% em 2050 e ultrapassará os 50% da população total em 2078.

É muita gente. E, com o aumento consistente na expectativa de vida, podemos esperar o que chamamos de envelhecimento ativo: o processo de envelhecer com saúde, participação social, independência e qualidade de vida, mantendo-se física, mental e socialmente ativo.

Para o RH, isso significa não apenas adaptar políticas e benefícios, mas enxergar possibilidades: esses profissionais 50+ não são apenas recursos, são ativos de conhecimento, experiência e estabilidade. 

E tudo indica: a demanda por gente experiente vai crescer, e rápido. 

O que caracteriza a economia prateada?

Essa economia é guiada por princípios que transformam a visão sobre envelhecimento, o que envolve o comportamento do consumidor sênior, o mercado de trabalho para idosos e muito mais. 

Confira algumas considerações, que falaremos melhor adiante:

  • Envelhecimento ativo: idosos 50+ estão na ativa e buscando qualidade de vida, com consumo voltado a saúde, bem-estar e aprendizado;
  • Inclusão e acessibilidade no trabalho: com um ambiente digital mais maduro, é preciso garantir acesso fácil às plataformas de RH, treinamentos e comunicação interna;
  • Autonomia e independência: 86% das mulheres com mais de 55 anos têm renda própria, de acordo com o estudo “Elas 45+”, da Estúdio Eixo, o que mostra que elas querem protagonismo, também no trabalho;
  • Diversidade de perfis: a população idosa não é homogênea. Trata-se de pessoas com valores, expectativas e necessidades distintas, e essa diversidade pode impactar positivamente no ambiente corporativo.

Esses detalhes não são só “também temos idosos”. 

Eles exigem que o RH repense seleção, comunicação interna, treinamentos e benefícios para incluir, valorizar e potencializar esse mercado prateado.

Vamos ver com mais detalhes os princípios da economia prateada aplicados no ambiente corporativo?

Quais são os princípios da economia prateada?

A economia prateada tem valores que transformam o jeito como a sociedade e o RH veem o envelhecimento. 

Esses princípios guiam iniciativas verdadeiras, que vão além da aparência, criando ambientes inclusivos, saudáveis e preparados para atender e aproveitar a experiência dos 50+. 

Veja os princípios e sua aplicação no mercado sênior de trabalho:

Inclusão e participação

Dizer que incluir não basta; é preciso garantir participação ativa. 

Se temos no Brasil uma população significativa acima dos 60 anos, é certo que ela estará presente também no mercado de trabalho. 

Para o RH, isso significa criar espaços onde pessoas mais maduras não sejam apenas acolhidas, mas efetivamente ouvidas, com autonomia para contribuir em projetos, liderar iniciativas e impactar decisões.

Autonomia e independência

Dados do estudo Tsunami60+ revelam que 86% das pessoas com 55+ têm renda própria.

Isso mostra não só a relação óbvia entre idosos e consumo, mas também o desejo de autonomia profissional. 

Para o RH, apoiar esse público significa oferecer jornadas mais flexíveis, oportunidades de mentoria e papéis que valorizem esta pluralidade de perfis.

Envelhecimento saudável e ativo

Com expectativa de vida acima de 76 anos, manter a saúde e as atividades rotineiras não é escolha, é necessidade. Estamos falando do envelhecimento ativo e saudável.

No mercado de trabalho para idosos, os RHs mais atentos promovem programas de bem-estar com foco em longevidade, ginástica laboral, oficinas de saúde mental e incentivo ao cuidado integral.

Acessibilidade e inclusão digital

Mesmo considerados maduros, os 50+ estão cada vez mais conectados (e isso se reflete, claro, no mercado prateado). 

No entanto, é certo que as dificuldades são bem maiores do que aquelas enfrentadas pelos nativos digitais, né?

E no ambiente de trabalho? 

O RH precisa se atentar a plataformas intuitivas, treinamentos digitais com linguagem acessível e suporte técnico para garantir autonomia no uso de sistemas e ferramentas online.

Respeito à diversidade e às necessidades individuais

Em seus diversos relatórios sobre Envelhecimento e Saúde, a ONU diz, com outras palavras, que as populações mais velhas não têm perfil único e a idade avançada não implica dependência.

Cada profissional 50+ chega com experiências, habilidades e motivações únicas, e o RH deve tratar isso como ativo. 

Programas personalizados, desenvolvimento contínuo e reconhecimento por trajetórias fazem toda diferença.

Esses princípios não são “bons-desejos”: são bases para construir uma cultura corporativa preparada para envelhecer bem. 

No próximo tópico, vamos ver onde a economia prateada está hoje e onde ela pode nos levar.

O status atual da economia prateada

A economia prateada não é tendência distante. Ela está presente e crescendo agora. 

Recentemente, o Valor Econômico revelou que o consumo da população com 50+ deve representar 35% de tudo que se consome no Brasil até 2044, pulando de R$ 1,8 trilhão para R$ 3,8 trilhões. 

Já estamos vivendo esse impacto: negócios ligados à saúde, mobilidade e bem-estar do público maduro estão recebendo destaque.

Veja na imagem:

Imagem: Valor Econômico

Mas quando falamos de mercado sênior de trabalho, a situação ainda é desigual. 

O IBGE mostra que, no primeiro trimestre de 2024, o nível de ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) foi de 70,7% para quem tem entre 40 e 59 anos, contra apenas 22,8% entre os maiores de 60 anos.

Isso significa que muitos 50+ enfrentam barreiras, mesmo com força de trabalho, experiência e disponibilidade.

Há um oceano de oportunidade econômica e social aqui, mas o RH precisa liderar a transformação da inclusão social de idosos no mercado. 

Adotar práticas inclusivas, revisar critérios de seleção e criar programas para integrar o pessoal 50+ hoje significa garantir futuro para a empresa e propósito para quem ainda quer contribuir.

Potencial da economia prateada para beneficiar os idosos

A economia prateada vai muito além da relação entre idosos e consumo. Ela é uma oportunidade real de melhorar a qualidade de vida desse grupo. 

Quando bem aplicada, ela amplia o acesso à saúde, fomenta a inclusão digital, estimula o envelhecimento ativo e, claro, fortalece a autoestima e o protagonismo da população 50+.

Em vez de enxergar o idoso como alguém “a ser cuidado”, esta economia reposiciona a população idosa como consumidora exigente, profissional experiente e cidadã que quer (e pode) continuar ativa na sociedade.

Para o RH, isso se traduz em repensar oportunidades de carreira para quem está no auge da maturidade, promovendo mentorias, recolocações e até planos de desenvolvimento específicos para essa faixa etária.

Mais do que um movimento econômico, essa é uma mudança de mentalidade: empresas que valorizam o envelhecimento contribuem com um ecossistema mais justo e ainda ganham em engajamento, diversidade, inovação e reputação. 

Benefício para todos os lados.

Oportunidades de mercado na economia prateada

O mercado prateado é uma mina de ouro ainda pouco explorado e não estamos falando só de produtos “para idosos”. 

Com uma população 50+ cada vez mais ativa, conectada e com poder de compra, surgem oportunidades em praticamente todos os setores: saúde, educação, tecnologia, turismo, moradia, bem-estar e trabalho.

Empresas que olham com carinho (e estratégia) para esse público podem inovar em áreas como:

  • Turismo adaptado e experiências: viagens com roteiros mais tranquilos, culturais e seguros;
  • Tecnologia acessível: apps com boa usabilidade, fontes maiores e suporte personalizado;
  • RH e gestão de pessoas: consultorias, programas de mentoria reversa, recolocação de profissionais experientes;
  • Educação continuada: plataformas de aprendizado acessíveis para profissionais sêniores ou aposentados que querem se reinventar.

O recado é simples: onde há pessoas com desejo de consumir, há espaço para inovar. 

E quando o RH se posiciona como protagonista nessa transformação, ele não apenas preenche vagas, ele amplia horizontes de inclusão e negócios.

Exemplos de economia prateada em ação

O mercado prateado já está movimentando ideias, negócios e políticas públicas no Brasil e no mundo. 

Empresas que entenderam esse movimento estão colhendo resultados tanto financeiros quanto sociais. 

Veja alguns exemplos que mostram o potencial real desse mercado:

  • Bradesco Seguros: apoiadora do movimento “Longevidade Expo+Fórum”, investe em conteúdo, eventos e produtos voltados à longevidade com foco em bem-estar e prevenção;
  • Senac e Sesc: com programas voltados ao envelhecimento ativo, oferecem cursos, atividades físicas e culturais para o público maduro, promovendo educação continuada e socialização;
  • Maturi: plataforma brasileira que conecta profissionais 50+ a oportunidades de trabalho, eventos e capacitações. Já impactou mais de 200 mil pessoas e virou referência nacional em inclusão etária no mercado.

Esses casos mostram que a economia prateada não é só discurso bonito, mas ação concreta que transforma negócios e vidas. E o RH pode (e deve) ser peça-chave nessa virada.

Desafios da economia prateada

Apesar do potencial gigantesco, a economia voltada para os 50+ ainda enfrenta vários entraves, muitos deles enraizados em estigmas sociais e modelos corporativos ultrapassados. 

O principal quando se fala de mercado de trabalho para idosos? O etarismo

Mesmo com tanta experiência e disposição, profissionais 50+ ainda são os primeiros a serem descartados e os últimos a serem recontratados.

Além disso, há barreiras estruturais:

  • Desigualdade digital, que ainda afasta muitos idosos de serviços e informações essenciais;
  • Marketing mal direcionado, que trata os 50+ como um grupo único e homogêneo, ignorando suas múltiplas realidades;
  • Falta de políticas de inclusão social de idosos no mercado de trabalho, já que poucas empresas têm programas voltados à atração e retenção de talentos maduros;
  • Baixa representatividade nas áreas de inovação e tecnologia, onde o público sênior é visto como “resistente” (quando, na verdade, só precisa de acessibilidade e estímulo).

Superar esses desafios exige intenção, investimento e ação coordenada entre empresas, governo e sociedade. 

E se tem uma área com poder de puxar esse movimento de dentro pra fora, é o RH.

Economia prateada: quem enxergar primeiro, lidera o futuro

A economia prateada é mais do que um nicho: é uma revolução silenciosa. 

Ao longo deste conteúdo, vimos que produtos, serviços e oportunidades voltados para quem tem 50 anos ou mais impactam o consumo, o mercado de trabalho, a cultura organizacional e a forma como empresas se conectam com um público que só cresce.

RHs e lideranças que entendem esse movimento não só ganham vantagem competitiva. Eles contribuem para um mercado mais justo, diverso e preparado para o envelhecimento da população.

Valorização de profissionais 50+, revisão de processos seletivos, desenvolvimento de produtos e comunicação mais empática são só o começo. 

A transformação real acontece quando a inclusão deixa de ser pauta e vira prática.

Quer ir além? Veja o que é e como começar um treinamento em diversidade e inclusão!

Chegou a hora de seu RH sair na frente. Porque liderar o presente é estar pronto para um futuro que já começou, e tem cabelo branco com muito a ensinar.

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Cecilia Alberigi

Sou jornalista, publicitária e viajante nas horas vagas. Na Caju, minha missão é transformar textos complexos em conteúdos claros, acessíveis e que façam sentido para quem me lê. Acredito que a flexibilidade é fundamental em todos os aspectos da vida, por isso valorizo a liberdade de adaptação, tanto no trabalho quanto no cotidiano.

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