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Diário dos cajuenses

Abrimos a Roda para falar sobre o preconceito na percepção de nordestinas e nortistas da Caju

Confira como foi a roda de conversa promovida pelo time de Gente e Gestão da Caju

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Atualizado em

por Autor Convidado

Leia em 10 minutos

Na Caju, a cada quinze dias temos um encontro com todos os cajuenses de forma voluntária no qual abrimos a roda para temas que permeiam a sociedade e que refletem no ambiente de trabalho. 

Nesta edição do diário dos cajuenses convidamos a Lilya Mesquita e Luana Santos, do time de vendas, Beatriz Araújo e Thayane Ferreira, do time de Cx Empresa da Caju para contar como foi conduzir as duas edições do abrindo a roda “Interferências do preconceito na percepção de identidade dos nordestinos e nortistas”

Confira agora como foi:

Parte 1: Nordeste 

Oi! Me chamo Lilya, tenho 25 anos, sou publicitária e faço parte do time de vendas da Caju!

Nasci em São Benedito, uma cidade muito pequena no interior do Ceará, há cerca de 6h da capital Fortaleza.  Como uma jovem cheia de ambições e de sonhos sempre quis ir para uma cidade grande onde pudesse conhecer outras realidades, me desenvolver profissionalmente e ficar mais próxima de tudo aquilo que via pela TV, quando criança. Sempre sonhei em morar em São Paulo, porque era o que via na mídia, por lá as coisas pareciam possíveis, haviam muitas empresas, os programas que via sempre eram com pessoas de lá então parecia o certo a fazer.  

Conforme fui crescendo, percebi que era natural as pessoas saírem da minha cidade em busca de coisas melhores, era um movimento tão orgânico que parecia que após determinada idade não era mais aceitável continuar ali.

Então, mudei para o Rio de Janeiro, onde me deparei com muitas coisas que em cidades pequenas não costumam ser tão evidentes, como desigualdade social, pobreza extrema, violência e todos os problemas que conhecemos hoje. 

Logo que cheguei já fui inserida em um contexto muito comum de quem migra para cidades grandes:  o que eu encontrava eram empregos de base ou subempregos. Aqueles que não exigem muita qualificação, nem preparo para a função, no qual basicamente é  cem por cento operacional. 

Aos 17 anos para mim era normal começar assim, e ainda acredito que seja, mas permanecer nesses trabalhos por longos anos e até uma vida me parecia demais. Tempos depois, quando já estava na faculdade, que cursei com bolsa integral, ingressei em uma startup que sonhava muito, permaneci por dois anos. Depois de formada, fui para uma outra empresa em São Paulo e hoje estou na Caju. Ao longo desses anos, essa é a primeira experiência profissional que vejo nordestinos ocupando cargos em empresas e longe dos subempregos. E você, conhece quantos nordestinos que ocupam espaços em empresas prestigiadas ou estão em posição de liderança? 

O Nordeste é a maior região do nosso país, que conta com um dos melhores sistemas de educação. Além da rica cultura, influencia muito na economia do nosso país. Mas então porque usualmente nossas pessoas só encontram oportunidades em subempregos? Será que um povo que foi a mão de obra base para a formação das grandes cidades e centro industriais não merece também ocupar um lugar de destaque e ter oportunidades? Afinal de contas, somos mais do que apenas o povo do sotaque bonito, das praias, do forró e do São João.  

Diversidade na Caju

Aqui na Caju me senti abraçada desde o primeiro dia, me deparei com pessoas de todas as partes do Brasil, assim como do Nordeste, em diferentes areas da empresa. A representatividade é muito importante, seja em qual recorte for, ela nos faz enxergar que é possível e que nada nos limita. Trabalhar em um local diverso me faz conhecer novas culturas, novas formas de pensar e principalmente a conhecer realidades fora da minha. 

Participação no abrindo a roda

Em uma das nossas rodas pude abrir um pouquinho mais sobre minhas raízes, sobre as lutas do meu povo, sobre o processo natural de migração e senti todos atentos e contemplados de alguma forma. Me sinto cada vez mais acolhida e abraçada, sei que minhas diferenças e particularidades por aqui retratam apenas o que eu sou e em nada me diferem do ponto de vista profissional. 

Parte 2: Norte

Meu nome é Beatriz Araújo e faço parte do time de CX Empresas aqui da Caju desde dezembro de 2022. Sou a primeira Cajuense de Manaus e sempre trabalhei com atendimento com foco em vendas, mas aqui na Caju, embarquei em uma nova missão: cuidar da experiência dos nossos clientes promovendo o melhor atendimento de forma humanizada e acolhedora.

Tudo começou há mais ou menos 1 ano quando eu era usuária da Caju e já amava o produto (quem não ama, né?), mas nem passava pela minha cabeça que eu, aqui em Manaus, pudesse fazer parte de uma startup de tecnologia sediada em São Paulo. 

Quando encontrei a vaga para CX Junior e vi que era remoto, me candidatei sem pensar! Coloquei muita fé que daria certo e não é que deu? 

Desde que cheguei na Caju, sinto que estou me desenvolvendo como nunca e fazendo coisas novas, que nunca me imaginaria fazendo, como por exemplo, falar sobre como o preconceito interfere na percepção de identidade dos nortistas. E hoje, vou te contar como isso aconteceu! 

O convite para conduzir o papo

O que fez meus olhos brilharem desde que comecei a acompanhar a Caju nas redes sociais com certeza foi a Cultura, e isso se intensificou muito mais depois que comecei a vivenciar os nossos pilares de cultura diariamente.

Em fevereiro deste ano, recebi um convite super especial da Fabi para conduzir um abrindo a roda junto com a minha colega Thatá sobre o tema. Foi uma surpresa muito boa! Coletamos conteúdos para enviar aos colegas junto com o convite e foi muito legal ver as pessoas interagindo e demonstrando interesse sobre o assunto. 

 A preparação 

Falar sobre minhas origens, vivências, experiências e cultura seria algo fácil, mas além disso, eu senti a necessidade de apresentar números e artigos de pessoas que estudam sobre o tema. Mas isso acabou se tornando um grande desafio, visto o quão pouco esse assunto é abordado. 

A partir disso, comecei a trocar ideias com pessoas do meu convívio para captar outras opiniões e visões, ou seja, eu trouxe um pilar da Caju para dentro das minhas relações. Quando eu imaginaria que o meu trabalho pudesse promover esse debate dentro da minha casa?

A Thayane, minha parceira nessa experiência foi fundamental nessa preparação. Ela também é de Manaus, mora em São Paulo há 2 anos e já sentiu na pele o preconceito por ser nortista. Ter essa identificação é essencial no processo de inclusão dentro de qualquer espaço. Conversamos bastante e juntas conseguimos construir uma linha de raciocínio daquilo que consideramos mais pertinente sobre o assunto. “Falar sobre meu estado e a nossa cultura é sempre incrível. Eu cresci ouvindo que quem mora no Amazonas é isolado, que quem nasceu lá é indígena, e que lá só tem mato. E sim, tem bastante mata, tem uma biodiversidade inigualável, tem comida boa de um povo que coloca a comida como algo acima de qualquer coisa”, contou Thayane. 

Ser nortista é crescer sabendo as lendas, é entender que cada coisa na floresta tem seu lugar e sua função. Com o tempo, percebi que minha cidade era tão incrível quanto o resto do país. Aprendi que não somos excluídos, e sim, que quem perde são os outros por não nos conhecer melhor. Levar a palavra da Amazônia por onde passo é sempre um prazer! É minha casa, é meu lugar, e compartilhar sobre isso é muito bom. Foi uma experiência sensacional ver a carinha dos meus colegas felizes em ouvir mais, perguntando sobre os assuntos comentados, surpresos com algumas curiosidades. Senti a acolhida de todos! Dividir esse momento com a Beatriz foi demais, eu nunca tinha trabalhado em uma empresa fora de Manaus que tivessem pessoas de Manaus ou do norte além de mim, e ter essa identificação é maravilhoso. Espero que papos como o nosso se multipliquem, pois é sempre bom falar do meu país Amazonas”, complementa.  

No fim, entendi que seria ótimo ter artigos sobre o tema, mas que os nossos relatos já tinham grande potência.

Friozinho na barriga

Como eu tinha apenas 2 meses de Caju, não sabia muito bem como funcionava o papo e foi difícil segurar a ansiedade. Mas como não ficar ansiosa: falar para tanta gente sobre um assunto tão meu, mas ao mesmo tempo, tão coletivo. Falar sobre as minhas percepções e representar também a percepção dos meus iguais. E tudo isso no ambiente de trabalho, o que até então, era algo bem surreal pra mim. Foi um momento único na minha trajetória profissional. 

Fomos recepcionadas de forma gentil e acolhedora por todo time, todos estavam atentos e envolvidos na conversa, ouvindo o que dizíamos e contribuindo com as suas perspectivas e vivências. Não era uma palestra ou monólogo, e sim de fato, uma conversa.

O norte se lembra

Durante o papo, o que foi mais pontuado é a forma como o Amazonas, ou melhor, a região norte, é uma parte esquecida pelo resto do país, e de como isso é algo doloroso em todos os sentidos, pois é como se nós não existíssemos. Nós aparecemos na TV apenas quando algo ruim acontece, e às vezes nem isso. Mas poxa, somos tão ricos, temos tanto para falar e aparecer: música, tecnologia, arquitetura, cultura, ciência, pessoas, histórias. Como essa voz não pode ser ouvida? O preconceito e a ignorância passam por cima de tudo. 

Em muitos casos, somos resumidos apenas a “índios” perdidos no meio do “mato”. Quando a gente viaja, logo vem a pergunta “você veio de canoa?”. E quem nunca escutou “você tem jacaré de estimação?”. Ler isso é bem constrangedor, né? Imagina ouvir como piada e ainda ter que rir para não ser chato. É isso que o amazonense precisa enfrentar em alguns momentos. “Nossa, mas lá é tão lindo, quero tanto conhecer”, claro, estaremos de braços abertos! Mas nós definitivamente não somos “só” isso. Fazemos ciência nas universidades, inovamos nos institutos de pesquisa, promovemos sustentabilidade, cuidamos de um patrimônio da humanidade e trabalhamos em startup de tecnologia. Somos gigantes 

Então, aproveito esse relato para convidar você também a conhecer e dar visibilidade a região norte aí da sua casa mesmo. Você pode começar consumindo artistas nortistas, que são super incríveis e precisam de tanto apoio.

Antes e durante a conversa me emocionei, e agora, escrevendo sobre, me emociono novamente. Saber que estou em lugar seguro que me acolhe e que também quer me incluir, me dar voz, é ter a convicção de que estou no lugar certo. Esse dia sempre terá um espaço especial no meu coração e acredito que no coração de muita gente. 

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Autor Convidado

Conteúdos escritos e assinados por empresas parceiras do blog da Caju.

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