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Gestão de pessoas

Jovem Aprendiz: o primeiro passo para o mercado de trabalho

O programa Jovem Aprendiz conecta educação e trabalho, oferecendo formação profissional a jovens e adolescentes. Entenda como ele funciona e por que é essencial para combater o desemprego e preparar novas gerações para o mercado.

Criado em

Atualizado em

por Cecilia Alberigi

Leia em 11 minutos

O primeiro emprego é um marco na vida de qualquer pessoa. Mas, para muitos jovens brasileiros, essa etapa ainda é repleta de barreiras. A exigência de experiência, dificuldade de conciliar estudo e trabalho e a falta de oportunidades são alguns dos maiores desafios.

É nesse contexto que surge o programa Jovem Aprendiz, criado para aproximar educação e trabalho e garantir que adolescentes e jovens tenham acesso a uma formação profissional de qualidade, em um ambiente seguro e inclusivo.

De acordo com dados do IBGE, mais de 28% dos jovens entre 18 e 24 anos estavam desempregados em 2024, uma taxa quase três vezes maior que a média nacional. Nesse cenário, o Jovem Aprendiz é essencial para gerar empregos e formar profissionais preparados.

O que é o programa Jovem Aprendiz

O Programa Jovem Aprendiz foi criado pela Lei nº 10.097/2000, também conhecida como Lei da Aprendizagem, e regulamentado por decretos complementares.

Ele estabelece uma parceria entre empresas, instituições de ensino e o próprio jovem, com o objetivo de oferecer uma formação técnico-profissional metódica, que combina atividades teóricas e práticas.

O grande diferencial desse modelo é que ele reconhece a juventude como uma fase de aprendizado e desenvolvimento.

O programa garante direitos, estabelece limites de jornada e assegura que o jovem possa continuar estudando enquanto aprende a rotina de uma empresa.

Empresas de médio e grande porte são obrigadas a contratar de 5% a 15% de aprendizes em relação ao número de cargos que exigem formação profissional.

Essa cota, além de obrigatória por lei, representa uma oportunidade concreta de fortalecer a cultura de inclusão e de preparar futuros profissionais alinhados à realidade do mercado.

Já micro e pequenas empresas podem aderir de forma voluntária, colhendo benefícios como o fortalecimento da marca empregadora, a renovação do quadro de funcionários e o incentivo à responsabilidade social corporativa.

Quem pode ser Jovem Aprendiz

Para participar, o jovem deve atender a alguns requisitos:

  • ter entre 14 e 24 anos (sem limite máximo para pessoas com deficiência);
  • estar matriculado e frequentando o ensino fundamental, médio ou técnico;
  • ter disponibilidade para cumprir a carga horária do contrato (geralmente entre 4 e 6 horas por dia);
  • estar inscrito em um curso de aprendizagem profissional oferecido por instituições credenciadas.

Esses cursos são realizados em parceria com entidades como o Senai, Senac, CIEE e outras organizações sem fins lucrativos reconhecidas pelo Ministério do Trabalho.

Essa estrutura garante que o jovem tenha não apenas experiência prática, mas também capacitação técnica e cidadã.

Benefícios para o jovem e para a empresa

O programa Jovem Aprendiz é uma via de mão dupla: enquanto ajuda milhares de jovens a conquistar o primeiro emprego, também oferece às empresas a chance de formar talentos, promover inclusão e fortalecer sua cultura.

Essa troca gera impacto social e resultados concretos, criando uma relação em que todos aprendem e evoluem juntos.

Para o jovem: aprendizado, experiência e inclusão

O programa é uma porta de entrada valiosa para o mercado de trabalho formal.

O jovem aprendiz adquire vivência real em um ambiente corporativo, aprende com profissionais experientes e desenvolve habilidades técnicas e comportamentais que farão diferença por toda a vida.

Entre os principais benefícios estão:

  • Formação profissional estruturada: o programa combina aprendizado teórico e prático, preparando o jovem para desafios reais do mercado;
  • Primeira experiência formal: o contrato é registrado em carteira, garantindo todos os direitos trabalhistas;
  • Renda e autonomia: o salário e os benefícios ajudam o jovem a conquistar independência financeira e apoiar a família;
  • Desenvolvimento de soft skills: convivendo em equipe, o aprendiz desenvolve comunicação, disciplina, proatividade e empatia, competências essenciais em qualquer carreira;
  • Maior empregabilidade: pesquisas mostram que quem participa do programa tem mais chances de conseguir novas oportunidades no futuro.

Além disso, o Jovem Aprendiz contribui para reduzir a evasão escolar e combater o trabalho infantil, ao garantir que o jovem possa estudar e trabalhar de forma equilibrada, com horários reduzidos e acompanhamento pedagógico.

Para a empresa: cultura, responsabilidade e inovação

As empresas também ganham, e muito, ao investir no programa. Contratar aprendizes é uma forma de formar talentos desde o início, moldando profissionais alinhados à cultura, aos valores e às práticas da organização.

Os principais benefícios incluem:

  • Rejuvenescimento do ambiente de trabalho, com novas ideias e energia positiva;
  • Cumprimento da lei, evitando multas e autuações;
  • Incentivos fiscais e trabalhistas, como FGTS reduzido e isenção de multa rescisória;
  • Impacto social positivo, ao promover inclusão e geração de oportunidades;
  • Fortalecimento da marca empregadora, com maior engajamento interno e reputação no mercado.

Empresas que apostam na formação de jovens aprendizes demonstram compromisso com o futuro do trabalho e com o desenvolvimento humano, o que gera admiração e fidelização, tanto de clientes quanto de colaboradores.

Direitos e deveres do jovem aprendiz

O contrato de aprendizagem é um acordo especial de trabalho com regras próprias, voltado ao desenvolvimento educacional e profissional. Ele pode durar até dois anos, podendo ser estendido em alguns casos específicos.

Direitos garantidos por lei

Todo jovem aprendiz tem acesso a uma série de direitos trabalhistas e previdenciários, entre eles:

  • Salário mínimo-hora, de acordo com a carga horária cumprida;
  • Registro em carteira de trabalho (CLT), com acesso ao FGTS e INSS;
  • 13º salário e férias remuneradas, que devem coincidir, preferencialmente, com o período escolar;
  • Vale-transporte, repouso semanal remunerado e jornada limitada a 6 horas diárias para quem ainda estuda;
  • Ambiente de trabalho adequado, livre de atividades perigosas ou prejudiciais à saúde;
  • Acompanhamento por entidade formadora e supervisor dentro da empresa.

Esses direitos asseguram que o jovem tenha uma experiência de aprendizado equilibrada e que o trabalho nunca comprometa sua formação educacional.

Deveres e responsabilidades do aprendiz

O Jovem Aprendiz também tem compromissos importantes para garantir o sucesso da parceria. Ele deve:

  • frequentar regularmente a escola e o curso de aprendizagem;
  • cumprir a jornada com pontualidade e dedicação;
  • respeitar as normas da empresa e os princípios do programa;
  • buscar aprimoramento constante, aproveitando ao máximo a oportunidade.

A relação é de troca: o jovem aprende e, ao mesmo tempo, contribui com a empresa. Esse equilíbrio torna o programa sustentável e produtivo para ambos os lados.

Como contratar e gerenciar jovens aprendizes

Colocar um programa de aprendizagem em prática é mais simples do que parece, e pode trazer excelentes resultados para empresas de diferentes portes.

Planeje e calcule a cota obrigatória

Comece avaliando quantos aprendizes sua empresa deve contratar. A cota, entre 5% e 15%, deve considerar apenas funções que exigem formação profissional.

Esse cálculo deve ser atualizado no eSocial para evitar inconsistências e garantir conformidade com a legislação.

Escolha uma entidade formadora

O próximo passo é firmar parceria com instituições credenciadas, como o Senac, Senai ou CIEE.

Essas entidades cuidam da parte teórica do programa, oferecem o curso técnico e podem auxiliar na seleção e encaminhamento dos candidatos.

Conduza um processo seletivo inclusivo

O recrutamento de aprendizes deve valorizar o potencial de aprendizado e o perfil comportamental, não apenas as notas escolares.

Busque diversidade, inclua jovens de diferentes contextos e promova entrevistas acolhedoras, que permitam ao candidato expressar suas expectativas.

Faça uma integração acolhedora

O primeiro dia de trabalho é determinante. Explique como funciona a empresa, apresente os colegas, mostre o espaço físico e reforce que o ambiente é de aprendizado.

Uma integração cuidadosa ajuda a reduzir o nervosismo e a construir confiança entre o empregador e o jovem.

Ofereça acompanhamento e feedbacks

Defina um tutor ou supervisor para acompanhar o desenvolvimento do aprendiz. Esse profissional deve orientar, tirar dúvidas e registrar a evolução.

Reuniões curtas de feedback ajudam o jovem a entender seus pontos fortes e o que ainda pode melhorar.

Invista no engajamento

Engajar aprendizes é um processo contínuo. Empresas que oferecem reconhecimento, incentivos e oportunidades de crescimento conseguem reter talentos e transformar aprendizes em colaboradores efetivos.

Um simples elogio, um certificado interno ou a participação em projetos pode gerar motivação e pertencimento.

Benefícios para a cultura organizacional e a sociedade

Contratar aprendizes é muito mais do que cumprir uma cota legal. É um ato de responsabilidade social e visão estratégica.

Ao abrir espaço para jovens em início de carreira, a empresa ajuda a reduzir desigualdades e a formar uma geração mais preparada para o futuro.

Os efeitos se estendem para além dos muros da organização:

  • Aumenta a diversidade etária e social dentro da empresa;
  • Estimula a inovação, ao trazer novas ideias e perspectivas;
  • Contribui para a economia local, com jovens empregados e em formação;
  • Fortalece o senso de propósito corporativo, mostrando que o negócio tem compromisso com o desenvolvimento humano.

Essa combinação de impacto social e valor corporativo faz do programa uma das estratégias mais eficientes para unir propósito e resultado.

Fortalecimento da marca empregadora

Empresas que contratam aprendizes normalmente são vistas como modernas, éticas e humanas.

Esse reconhecimento não vem apenas do público externo, mas também dos próprios colaboradores, que passam a ter orgulho de fazer parte de uma organização que investe em pessoas.

A presença de jovens aprendizes oxigena o ambiente de trabalho, inspira equipes e melhora o clima organizacional.

Além disso, é uma forma de renovar lideranças, já que muitos aprendizes acabam efetivados e crescem dentro da empresa, carregando consigo os valores da marca.

Ser reconhecida como uma empresa formadora de talentos é, portanto, um diferencial competitivo e de reputação. É um ativo que fortalece tanto a atração quanto a retenção de profissionais qualificados.

Sinergia entre RH, DP e Financeiro

A gestão do programa Jovem Aprendiz é um exemplo claro de como a colaboração entre áreas faz diferença.

Quando RH, Departamento Pessoal e Financeiro atuam juntos, o impacto é muito maior e mais sustentável.

O modelo de contratação por aprendizagem:

  • melhora indicadores de produtividade, ao desenvolver habilidades práticas desde cedo;
  • reduz turnover, pois aprendizes bem treinados tendem a permanecer na empresa;
  • otimiza custos de treinamento e recrutamento, já que a formação é compartilhada com entidades parceiras;
  • aproxima áreas estratégicas, fortalecendo o elo entre gestão de pessoas e planejamento financeiro.

Essa integração reforça o papel do RH como agente de transformação organizacional, capaz de unir compliance, desenvolvimento humano e eficiência operacional em uma mesma estratégia.

Tendências e boas práticas em programas de aprendizagem

O mercado de trabalho está em constante transformação, e o programa Jovem Aprendiz também evolui com ele.

Hoje, muitas empresas adotam abordagens mais personalizadas e digitais, tornando a experiência do aprendiz mais rica e conectada às novas formas de aprender.

Entre as tendências mais relevantes estão:

  • Trilhas de aprendizado híbridas, combinando cursos online e atividades presenciais;
  • Programas de mentoria e buddy, que conectam aprendizes a colaboradores experientes;
  • Uso de plataformas tecnológicas para acompanhar desempenho e engajamento;
  • Políticas de bem-estar e benefícios flexíveis, que valorizam o jovem como parte do time;
  • Foco em diversidade e inclusão, abrindo oportunidades para grupos historicamente menos representados.

Empresas que investem nessas práticas constroem programas mais significativos, capazes de gerar resultados reais em performance e impacto social.

Exemplos de programas de sucesso

Diversas empresas brasileiras já colhem frutos de iniciativas bem estruturadas de aprendizagem.

A Nestlé, por exemplo, mantém um programa que capacita milhares de jovens em suas fábricas e escritórios, promovendo inclusão social e empregabilidade.

A Caixa Econômica Federal oferece oportunidades em todo o país, com foco em capacitação administrativa e financeira.

Já os Correios e a C&A apostam em jovens aprendizes para renovar o atendimento e formar profissionais alinhados à cultura corporativa.

Esses casos mostram que o investimento em programas de aprendizagem gera resultados concretos: aumento do engajamento, inovação interna e reputação positiva.

Conclusão

O Programa Jovem Aprendiz é uma das políticas mais transformadoras do Brasil e uma oportunidade estratégica para empresas que acreditam no poder do desenvolvimento humano.

Ele não apenas oferece o primeiro emprego a milhares de jovens, mas também ajuda a construir um mercado de trabalho mais inclusivo, qualificado e equilibrado.

Ao contratar aprendizes, sua empresa investe no futuro, fortalece sua cultura organizacional e contribui para a formação de profissionais mais preparados e conscientes.

Quer saber como adaptar seu RH ao futuro do trabalho? Confira o guia completo sobre recrutamento e seleção da Geração Z e veja como atrair, engajar e reter os jovens talentos que estão transformando o mercado.

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Cecilia Alberigi

Sou jornalista, publicitária e viajante nas horas vagas. Na Caju, minha missão é transformar textos complexos em conteúdos claros, acessíveis e que façam sentido para quem me lê. Acredito que a flexibilidade é fundamental em todos os aspectos da vida, por isso valorizo a liberdade de adaptação, tanto no trabalho quanto no cotidiano.

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